I SÉRIE — NÚMERO 61
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permitindo pensar naqueles que, no âmbito da digitalização, vão ter desafios substanciais nas suas carreiras
profissionais, de modo a terem capacidade, com a ajuda de investimento público, de adquirir as ferramentas
necessárias para responder a esse desafio; que respondessem ao desafio da competitividade nas empresas
portugueses, de modo a terem um sistema fiscal que lhes permitisse ganhar competitividade em relação aos
parceiros e que tivessem apoios suficientes para que, no âmbito dos desafios da transição climática, não
tivessem ainda mais entraves. Mas, infelizmente, nada disto é visível neste Plano — não somos nós que o
dizemos, é o próprio Conselho Económico e Social que o diz.
Este tipo de debates são o mundo cor-de-rosa dos socialistas: são planos sem fim, é dinheiro como nunca
houve. Para quem não vê esses sonhos cor-de-rosa, gostávamos que não houvesse a consequência que,
normalmente, têm estes debates do mundo cor-de-rosa socialista: ficarmos para trás, como sempre. Esse é o
grande desafio. Sinceramente, não vemos como é que este Governo nos vai garantir que não ficamos para trás,
como sempre, e que, depois de mais uma enorme oportunidade, não vamos ficar a lamentar-nos da
competitividade perdida e da coesão social que não conseguimos atingir.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Hortense Martins.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr. Presidente, Srs. Ministros, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: De facto, este é o momento de discutirmos as Grandes Opções, mas também é o momento de os
grupos parlamentares apresentarem as suas ambições e a estratégia que têm para o País. É este o contributo
que esperávamos ver aqui dos vários grupos parlamentares.
O investimento público que o Sr. Ministro aqui anunciou pretende alavancar o investimento privado. Trata-se
de um investimento público nas pessoas, nas empresas, no ambiente, no território, e isso é fundamental.
Não podemos ter, por um lado, quem diz que os instrumentos são fracos, que não se planeia, e, por outro
lado, quando se chega à hora de planear, quem desvalorize esta discussão. Isto está profundamente errado.
Aplausos do PS.
Vou dedicar-me, Sr. Ministro, a falar de uma forte prioridade para este Governo e para este grupo
parlamentar, a saúde.
Portugal tem conseguido enfrentar, com resiliência, o enorme desafio que a pandemia da COVID-19 nos
trouxe e tal só foi possível devido ao nosso Estado social e ao seu importante pilar que é o Serviço Nacional de
Saúde. Sabemos que devemos aos seus profissionais…
Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves.
Sr. Deputado, o subsídio de risco está a ser pago a cerca de 5000 pessoas.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — E os outros?
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Os outros também terão o seu pagamento, naturalmente.
Quero realçar o contributo deste Governo e do Parlamento para conseguir responder a esta pandemia,
articulando com a ciência e trabalhando para um objetivo comum: controlar esta pandemia ao nível do nosso
País, da Europa e também do mundo, porque sabemos que só com objetivos e com coordenação global, para
os quais temos o dever de trabalhar, é que conseguiremos parar esta pandemia.
É crucial sabermos o ponto de partida, como foi crucial o PS ter reforçado continuamente os recursos para
fazer face às suas necessidades, às necessidades do Serviço Nacional de Saúde, das pessoas, das famílias e
das empresas.
Não podemos esquecer que, no final de 2015 e no início desta crise, as finanças públicas estavam
equilibradas, os serviços públicos estavam mais reforçados e os instrumentos de que dispúnhamos estavam
especialmente direcionados para a coesão social.
No que respeita à saúde — esta é uma prioridade — e ao Serviço Nacional de Saúde, noto que, em 2020,
houve um acréscimo relevante da despesa total.