30 DE ABRIL DE 2021
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São eles: os investimentos no SNS, com a construção e a requalificação de hospitais e de unidades de saúde,
que ficaram estipuladas no Orçamento verba por verba; as contratações de médicos, de profissionais de saúde,
de assistentes operacionais para as escolas, de profissionais das forças e serviços de segurança, sem atrasos.
Para lá do pagamento dos salários a 100% no layoff, dos aumentos das pensões, da extensão do subsídio
de desemprego, do novo apoio social, que estão já em aplicação, exige-se que o subsídio de risco seja aplicado
a todos os trabalhadores de funções essenciais, mesmo os subcontratados ou os que têm contratos individuais
de trabalho, não sendo isto o que está a acontecer.
Os apoios às micro, pequenas e médias empresas, sem discriminações em função do código de atividade
económica, como ficou também estipulado no Orçamento do Estado, e a dispensa do pagamento por conta para
as empresas que a solicitem têm de ser aplicadas conforme está na Lei do Orçamento, por iniciativa do PCP.
A dispensa do pagamento por conta é a requerimento da empresa e não por qualquer outro critério, sem
prejuízo de outras opções entretanto adiantadas pelo Governo, como o pagamento em prestações, que não
substitui a possibilidade de as empresas recorrerem à suspensão do pagamento.
São necessários apoios que cheguem, de facto, às empresas, às famílias, aos que ficaram sem nada, sem
subterfúgios que limitem o seu alcance. Também a execução do investimento público tem de dotar serviços
públicos de meios para dinamizar a economia.
O PCP continuará a acompanhar, a par e passo, a execução orçamental. Antes de condicionar discussões
futuras com uma lei das Grandes Opções, o que se impõe é concretizar estas medidas do Orçamento do Estado
para 2021, que são a chave para responder aos problemas que enfrentamos, em vez das insistências do
Governo na prioridade à redução acelerada do défice, mesmo num contexto de suspensão das regras europeias.
Continua a ser esta a grande obsessão do Governo.
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Eduardo Teixeira.
O Sr. Eduardo Teixeira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O
Governo apresentou-nos hoje a proposta de lei que define as Grandes Opções do Plano, as GOP, para o período
de 2021 a 2025, na sua primeira versão, após a revisão, em 2020, da Lei de Enquadramento Orçamental. Assim,
são hoje apresentadas as opções e as linhas de orientação da política económica e a programação orçamental
plurianual para os próximos cinco anos, muito além da presente Legislatura, o que torna ainda mais importante
o absoluto rigor deste documento orientador.
Mas, ao invés, o processo parece, no mínimo, atabalhoado e prejudica gravemente o escrutínio necessário
da presente proposta de lei nesta Casa. Desde logo, as Grandes Opções do Plano são acompanhadas por um
parecer dos parceiros sociais com assento no Conselho Económico e Social, no CES, em cumprimento da
Constituição, mas, neste ano, este foi feito de uma forma gravemente deficiente. A proposta que foi submetida
ao CES estava amputada de dois elementos absolutamente cruciais: o cenário macroeconómico e o quadro
plurianual das despesas públicas dos subsetores da administração pública, central e da segurança social. O
Governo pediu aos parceiros sociais pronúncia sobre um documento que não continha os elementos essenciais
para uma correta avaliação da plausibilidade dos pressupostos em que assenta, com a devida ponderação dos
compromissos de política económica e orçamental que vão, agora, ser aprovados.
Na verdade, as GOP enfrentam exatamente o mesmo vício do Programa de Estabilidade, que ainda há pouco
foi discutido, pois tanto o cenário macroeconómico, como as perspetivas para os próximos anos, em matéria
orçamental, estão totalmente dependentes da execução do Plano de Recuperação e Resiliência. Ora, a
execução deste plano é, assim, mais do que incerta por duas ordens de razão que o Governo não cuidou de
assegurar.
A primeira é objeto de uma séria chamada de atenção por parte do Conselho das Finanças Públicas. Há uma
ambiciosa, e diria irrealista, previsão de realização de investimentos públicos nos próximos anos, de cerca de
10 mil milhões de euros oriundos do PRR, que não são especificados ou detalhados. Aparece-nos uma folha
em branco, o que torna impossível caucionar quer as opções concretas de política que a consubstanciam, quer
mesmo a verosimilhança dos números agregados que são referidos.