7 DE MAIO DE 2021
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A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Sá Pereira, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Joana Sá Pereira (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Duarte Alves, em 2017, tínhamos duas opções muito claras: ou se vendia, ou se liquidava o Novo Banco.
A maior conclusão trazida por este relatório da auditoria foi que a venda do Novo Banco salvaguardou o
interesse público, em duas perspetivas: por um lado, por ter evitado a liquidação do banco e, por outro, por ter
contribuído para a redução do risco sistémico. É o relatório que o diz: a alternativa era a liquidação, que tinha
custos brutais para as finanças públicas.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Joana Sá Pereira (PS): — E é preciso dizer com clareza que quem liderou o processo de venda do Novo Banco foi o Banco de Portugal. Foi o Banco de Portugal, com dois responsáveis muito claros, o Governador
Carlos Costa e o consultor Sérgio Monteiro, e foi o Dr. Sérgio Monteiro, Secretário de Estado do Governo
PSD/CDS-PP,…
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não nessa qualidade, desculpe lá!
A Sr.ª Joana Sá Pereira (PS): — … que esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito há poucas semanas e que deixou claro que a venda defendeu o interesse público. Vou até citá-lo: «Foi muito importante para o
sistema financeiro que houvesse um limite anual de contribuições, porque isso dá certeza e estabilidade. Se não
tivesse sido feita a venda, o rating não tinha evoluído como evoluiu, o custo da dívida portuguesa não tinha
evoluído como evoluiu e o impacto positivo nas contas públicas que essa redução de dívida teve (…) também
não tinha ocorrido».
Mas nós sabemos hoje que a doença do BES passou para o Novo Banco. O Sr. Deputado sabe disso, e
também sabe que PSD e CDS prometeram um «banco bom» e, hoje, sabemos que o Novo Banco enfrentou
dificuldades de liquidez e de capital desde os primeiros dias de vida.
E o Sr. Deputado também sabe que foi o Governo PSD/CDS-PP que prometeu vender o Novo Banco, em
2015. Ora, o inquérito já nos permitiu saber que essa venda falhou por causa da desconfiança dos interessados
sobre esta carteira de ativos que, hoje, chamamos de «mecanismo de capital contingente».
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Joana Sá Pereira (PS): — Por isso, Sr. Deputado, sabemos hoje que essa doença podia e devia ter sido evitada. Essa responsabilidade não é nossa. Concorda, como já provou este inquérito parlamentar, que o
Novo Banco nasceu com ativos problemáticos, insuficientemente provisionados, e com capital abaixo do
necessário, que hoje são responsáveis pelas enormes perdas que o Novo Banco está a produzir?
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Presidente, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Alves, em primeiro lugar, quero cumprimentá-lo por ter trazido este tema para discussão — já não é a primeira vez que o debatemos e suspeito
que não será a última.