19 DE MAIO DE 2021
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Como disse, as Forças Armadas são, hoje, cada vez mais um agente ativo na promoção da paz. É por isso
que temos de falar de Aliu Camará, o soldado português que, ao ingressar numa missão de apoio à paz das
Nações Unidas na República Centro-Africana, conseguiu sobreviver a um gravíssimo acidente da sua viatura,
quando estava integrado numa coluna militar no teatro de operações. Felizmente, conseguiu sobreviver, mas,
infelizmente, teve de amputar as duas pernas e colocar duas próteses. Desde então, procura-se encontrar uma
possibilidade de Camará ser abrangido por um regime que lhe dê uma proteção digna, designadamente com a
sua continuação ao serviço do Exército. Todavia, ainda não foi possível.
Temos de agir rapidamente para corrigir esta injustiça, porque o contrato do soldado Aliu Camará aproxima-
se do seu termo e ele não pode sentir-se abandonado pelo seu País.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — Como eu disse, as guerras, hoje, são outras. Os combates, hoje, são outros. Já não enviamos os nossos soldados para fazer a guerra. Hoje, enviamos soldados para fazer a paz
e proteger as pessoas, porque, Sr.as e Srs. Deputados, as Forças Armadas do século XXI não fazem a guerra,
fazem a paz.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Como disse o antigo Presidente da República, esta reforma é um equívoco a tempo de ser corrigido. Disse-o porque, de facto,
não está apenas em causa a governamentalização das Forças Armadas, mas a sua verdadeira
instrumentalização.
Quando mudamos a estrutura de topo com o único objetivo de asfixiar, estamos a permitir que aconteça às
Forças Armadas o mesmo que este Governo tentou fazer à justiça, às forças de segurança e aos vários setores
da sociedade.
Muitos dizem que é corporativismo e que aqueles que não querem permitir que esta lei passe estão a dar
azo ao corporativismo militar. Nada disso. Estão, sim, a permitir que a autonomia consagrada na Lei de Defesa
Nacional, a autonomia dos ramos, a sua eficácia e operacionalidade sejam verdadeiramente valorizadas e não
ignoradas por um Governo que mais não quer do que asfixiar o topo superior das Forças Armadas, tornando-o
subserviente à vontade política de quem manda e de maiorias parlamentares.
Não deixa de ser caricato que apresentemos uma proposta de reforma, quando o que devíamos estar a
discutir era o reforço dos meios das estruturas militares e não a sua reforma de comando ou de
operacionalização a partir do topo. Quando deveríamos discutir a renovação e a reestruturação de carreiras,
discutimos quem manda no topo. Quando deveríamos discutir a integração de tantos que estão a sentir-se
abandonados, como ainda agora foi dito, discutimos quem deve mandar, dentro da maioria política que governa.
Este é um sinal que nos deve preocupar.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo para intervir.
O Sr. André Ventura (CH): — Vou terminar, Sr. Presidente, reforçando o apelo a que esta norma não passe. Nunca é demais citar um antigo Chefe de Estado das Forças Armadas, que nos deixou este alerta dramático,
para o qual devemos olhar e perceber: um equívoco a ponto e ainda a tempo de ser retornado.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Diogo Leão, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Diogo Leão (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Defesa Nacional, Sr.ª Secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes, Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Sr.