I SÉRIE — NÚMERO 67
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Estas alterações, Sr.as e Srs. Deputados, colocam, e têm colocado, enormes desafios à condição militar. É
precisamente sobre estes desafios que todos, sem exceção, devemos concentrar a nossa atenção e orientar os
nossos esforços.
É esta a discussão que temos de fazer: sobre os desafios à condição militar e sobre os desafios dos nossos
soldados.
Sim, os soldados, os homens e as mulheres que, diariamente, envergam a sua farda e exibem a bandeira
nacional, que orgulhosamente defendem, com o risco da própria vida.
O Sr. João Moura (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — Sim, os soldados! A personificação da condição militar!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — É preciso relembrar a condição militar. Não nos podemos esquecer daquilo que distingue um militar de outros funcionários ou agentes do Estado, e essa distinção é, precisamente,
a essência da condição militar.
Aos militares, pedimos a subordinação ao interesse nacional, a permanente disponibilidade para lutar em
defesa da Pátria, se necessário com o risco da própria vida,…
O Sr. João Moura (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — … pela sujeição aos riscos inerentes ao cumprimento das missões militares.
E o que oferecemos?! O que temos oferecido?!
Um praça dos quadros permanentes da Marinha — que é o único ramo militar que tem um quadro de praças
—, no início da sua vida militar, recebe cerca de 700 €. Ora, um polícia ou um guarda republicano, na mesma
condição, aufere cerca de 1100 €. Ou seja, existe uma diferença salarial de 400 €.
Como conseguimos atrair pessoas para as Forças Armadas?! A situação atual das Forças Armadas
portuguesas é muito clara: temos mais oficiais e sargentos do que praças. Hoje, já não temos uma pirâmide na
estrutura das Forças Armadas, porque a sua base diminuiu. Temos uma estrutura que se aproxima muito mais
com a de um prisma, sendo o Exército o ramo mais afetado, em termos proporcionais.
A perda de efetivos nas Forças Armadas tem sido um problema estrutural, relativamente ao qual todos somos
convocados a refletir. O PSD está consciente de que o problema não se resolve por decreto ou de uma só vez,
mas temos de começar por algum lado. É tempo de agir.
O PSD tem apresentado propostas neste sentido. Aliás, foi o único partido a apresentar propostas, no
Orçamento Suplementar de 2020, para as Forças Armadas.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — A criação de um regime de um quadro de praças no Exército e na Força Aérea foi, também, um exemplo. Só o PSD e o CDS votaram a favor. O PS votou contra e o PCP e o
Bloco de Esquerda abstiveram-se. Não foi aprovado. Será que é desta, Meus Senhores?!
Sr.as e Srs. Deputados, hoje discutimos as Forças Armadas do século XXI, que não são mais o garante da
integridade territorial ou da soberania nacional.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ai não?!
A Sr.ª Ana Miguel dos Santos (PSD): — As Forças Armadas são, também, um agente ativo na promoção da segurança humana em tempo de paz, o agente mais bem preparado para acorrer às novas ameaças e aos
novos tipos de emergências, como aquela que temos vivido, relativamente à qual podemos retirar muito boas
lições sobre a importância das Forças Armadas no combate à pandemia da COVID 19.