20 DE MAIO DE 2021
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O Sr. Duarte Marques (PSD): — Uma fortuna!
O Sr. João Paulo Pedrosa (PS): — … justamente para reforçar o emprego permanente e para aumentar os salários, através do reforço das tecnologias, gostava de saber se o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa
acompanha o Partido Socialista nestas medidas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Paulo, agradeço a sua pergunta. PS, defensor dos interesses dos trabalhadores…
Risos de Deputados do PSD.
Bom… Sabe, Sr. Deputado, o problema é que estou aqui, talvez, há demasiado tempo…
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — É isso!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — … e conheço perfeitamente a posição que o Partido Socialista tem tido em algumas matérias laborais, em que se demarca das bancadas da direita, mas, com o conhecimento
que tenho e a memória que exerço, não me atreveria a esse tom. Por exemplo, no caso dos contratos a prazo,
valia a pena o Sr. Deputado João Paulo ler o debate que se realizou aqui, em 1976 — veja lá aos anos que
foi!… —, e as juras e rejuras de que aquilo era para uma situação excecional, o trabalho sazonal, e mais nada,
e mesmo assim, com um contrato a prazo. Abriu-se a fenda na muralha, pelas mãos do Partido Socialista!
Teve, naturalmente, o apoio do PSD e do CDS, mas foi da responsabilidade do Partido Socialista! Hoje, temos
a situação que temos, e que é conhecida.
Como é que o Partido Socialista se sente bem, por exemplo, em relação à questão do período
experimental, em que passa a dobrar o tempo experimental, particularmente para os jovens que, durante seis
meses, não têm subsídio de férias, não têm subsídio de doença, não têm subsídio de Natal, não têm direito a
ter direitos?! Acha que a posição do Partido Socialista é um progresso?! Pois nós consideramos que, em
relação a esta matéria, em momentos-chave, decisivos, como em relação à contratação coletiva, o Partido
Socialista tem sempre tendência para ceder não tanto ao PSD e ao CDS, mas, diria, mais aos interesses de
classe, dos mais poderosos.
Protestos da Deputada do PSD Clara Marques Mendes.
É por isso que questionamos porquê. É que o Partido Socialista contribuiu decisivamente, por exemplo,
para a aprovação da «Constituição Laboral», em 1975/76. É verdade — reconheça-se! E esse Partido
Socialista, na altura, numa discussão aqui, no Plenário, em que se confrontavam interesses dos trabalhadores
e do poder económico e em que a Assembleia Constituinte deu prevalência ao tratamento mais favorável ao
trabalhador, deu, claramente, o seu voto a favor. Hoje, negam isso, negam esse direito ao tratamento mais
favorável!
Estes são apenas alguns exemplos que nos levam a ter este sentido crítico, naturalmente, em relação ao
PSD e ao CDS, mas consideramos que, muitas vezes, foi à vez: ora PS, ora PSD e CDS, ora PS, ora PSD, e
já não digo PS com PSD ou PS com CDS… Enfim…
O Sr. João Moura (PSD): — O PS com o PCP!…