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I SÉRIE — NÚMERO 69

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A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — O Governo tem meios para enfrentar a situação, falta-lhe vontade porque dá prioridade ao défice e faz que não percebe que, se não intervier agora, pode não ter mais tecido desportivo para

mais tarde se preocupar. É assim, como é nos mais variados planos em que o Governo foge da resposta

concreta, protela-a, obstaculiza-a ou incumpre nas medidas que estão inscritas no Orçamento.

As palavras chocam com a falta de ação, nesta como noutras matérias. O Governo anuncia que quer que

Portugal esteja nas 15 nações mais ativas na prática desportiva, mas, estando nós entre os três países da União

Europeia com piores resultados neste âmbito, dá-se ao luxo de deixar definhar o movimento associativo que

mobiliza gente de todas as idades, ao não garantir os apoios necessários.

O Governo congratula-se com os excelentes resultados de Portugal tanto em competições europeias e

mundiais como nos jogos olímpicos e paralímpicos, mas continua a não dar apoios necessários e arrisca-se a

não ter mais medalhas para se juntar à fotografia se a quebra no número de atletas impedir a formação de novos

atletas.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — O Governo põe no papel expressões como «crescimento inteligente, sustentável e inclusivo», «coesão social e territorial», «saúde e resiliência económica, social e institucional»,

«políticas para a próxima geração», «crianças e jovens», mas a escola pública continua sem os meios mínimos

para cumprir o seu papel essencial, que é o de formar cidadãos inteiros, com condições materiais e humanas

para a prática da educação física, para o desporto escolar a sério.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O desporto é saúde, é prevenção da doença e promoção de hábitos saudáveis. É cura também!

É saúde mental, essa que está tão fragilizada com o momento que atravessamos. É qualidade de vida.

É promotor de valores sociais, educativos e culturais essenciais, uma componente imprescindível do

crescimento, da vida das crianças e jovens.

É um fator e um motor de inclusão. É tão importante o papel que desempenha na participação na vida

coletiva, no fomento da aceitação das diferenças e de respeito pelas regras de bem comum.

O desporto é economia, também. É emprego de atletas, técnicos, treinadores e outros trabalhadores direta

ou indiretamente ligados — mais de 700 000 portugueses. Sê-lo-ia cada vez mais, não fora a pandemia.

Dinamiza a economia local, dinamiza mesmo a vida local. Contribuiu para a continuidade/coesão territorial,

de que tanto se fala, proporcionando bem-estar.

Da formação ao alto rendimento, o desporto move milhões de pessoas. E, mesmo não devendo afunilar-se

o investimento apenas em grandes eventos internacionais, verdade é que existe uma enorme dinamização

económica em torno das grandes competições e poucos terão o impacto económico que tem o turismo

desportivo nesta frente.

Numa política que realmente recupere e ultrapasse os problemas estruturais do País, o desporto tem de ser

direito concretizado, deve ser instrumento privilegiado para termos uma sociedade mais inclusiva, mais

saudável, mais justa, mais ética. Uma política patriótica e de esquerda é aquela que valoriza a prática, a

competição, o movimento associativo, o valor criado pelo setor…

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr.ª Deputada…

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente. É a política que cumpre os direitos constitucionais.

Em matéria de desporto, está muito em jogo, Srs. Deputados: a saúde, a educação, a infância e o crescimento

das novas gerações, os empregos, os clubes, as suas terras, a economia, mas, para o PCP, há, definitivamente,

assuntos com os quais não se pode jogar.