21 DE MAIO DE 2021
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Pisco, do Partido Socialista.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começo por cumprimentá-los e agradecer ao Bloco de Esquerda ter trazido este assunto.
Em primeiro lugar, gostaria de dizer aquilo que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros já disse, isto é, que
Portugal não muda de posição relativamente ao conflito israelo-palestiniano, que condena a política de
colonização e de ocupação dos territórios e que defende, como sempre defendeu e como sempre defenderá, a
solução dos dois Estados.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vê-se!
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Este é um ponto prévio, que é importante que todos tenhamos em atenção. É também preciso que se vejam as coisas não como se a história começasse agora, porque a história já
começou há muito tempo, já começou há sete décadas.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ora!
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Só neste conflito, já morreram mais de 200 pessoas, entre as quais cerca de seis dezenas de crianças. Há uma imensa destruição, incluindo a de um edifício que abrigava órgãos de comunicação
social. Do lado israelita, morreram 12 pessoas e não há sinais de haver tanta destruição, muito longe disso,
como aquela que tem havido na Faixa de Gaza.
Portanto, a primeira coisa que se deve pedir é que haja um cessar-fogo imediato — e era isso que eu gostava
que os grupos parlamentares aqui fizessem — e que, a médio prazo, Israel permita que haja condições para o
desenvolvimento da paz e liberdade nos territórios ocupados da Cisjordânia e também na prisão a céu aberto,
que é a Faixa de Gaza.
O conflito entre Israel e a Palestina é uma tragédia que se repete há sete décadas,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Chama-se ocupação!!
O Sr. Paulo Pisco (PS): — … sempre com uma escandalosa desproporção no número de vítimas e na destruição do lado palestiniano.
Qualquer pessoa, com um mínimo de humanidade, a única coisa que quer, neste momento, é o fim da
violência e o fim do ódio que existe entre israelitas e palestinianos. Infelizmente, não é o que acontece, não é o
que tem acontecido para o Governo israelita, para o Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, nem para os seus
seguidores, que ignoram escandalosamente todos os apelos internacionais.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E o Hamas?!
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Esta é uma história trágica e infeliz, que nunca mais termina — e é aqui que nos devemos centrar — e que vai sempre causar dor e violência.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Deputado Paulo Pisco, agradeço que termine.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — A organização não governamental israelita Peace Now calcula que haverá mais 200 famílias na vizinhança de Jerusalém Oriental que podem ser despejadas e cerca de 20 000 casas de árabes
que podem ser demolidas, ao abrigo das leis israelitas. Isto pode implicar uma continuação da violência.
Portanto, o que gostaria de perguntar ao Sr. Deputado, neste contexto, é como é que se pode pensar —
como a comunidade internacional e como as Nações Unidas dizem — em dois Estados a viverem em paz e em
segurança, se o ódio é tão grande e as feridas tão fundas. Ou esse objetivo não passa de uma mera ilusão?
Aplausos do PS.