I SÉRIE — NÚMERO 69
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É curioso ver como o Partido Socialista e o Governo conseguiram trazer-nos até uma situação em que a
grande aposta da competitividade do País se tornou nisto — e o Sr. Deputado tocou na questão: Portugal é hoje
o quarto pior país da União Europeia em competitividade fiscal. O quarto pior, repito! Significa isto que somos o
país com mais burocracia, incidência fiscal e emaranhado legal em termos de atração de empresas.
O mesmo Governo que quer atrair emprego e investimento é dos piores da Europa a atraí-lo. Os estudos
não são nossos, são da OCDE e dizem que Portugal é o quarto pior país da Europa nessa matéria. Se algum
motivo pudesse haver para estarmos todos de acordo seria o de tornar Portugal numa economia extremamente
competitiva.
Mas não gostaria de deixar de o questionar, Sr. Deputado, sobre a sua visão em relação ao Plano de
Recuperação e Resiliência apresentado. O Governo socialista apresentou-o como um plano de recuperação
para os próximos 10 anos e já todos percebemos que isso significa mais investimento na máquina do Estado,
mais investimento na máquina pública e uma completa negligência do investimento privado, o qual faz crescer
o emprego e a economia.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr. Deputado
O Sr. André Ventura (CH): — Concluo, Sr. Presidente. O que vamos ter é mais estrutura, mais dívida, mas menos emprego e menos investimento. Como é possível
termos um investimento deste tipo, de um Governo socialista, numa altura em que precisávamos de injetar
dinheiro nas empresas e na economia?
Obrigado pela tolerância, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida, do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado André Ventura, desde já, peço desculpa porque não tenho maneira logística de lhe responder que não seja de costas
voltadas para si.
A questão da competitividade fiscal é essencial, e não conseguimos separar as seguintes três realidades,
que estão profundamente ligadas: primeira, sermos um dos piores países em matéria de competitividade fiscal
na União Europeia; segunda, sermos um dos países que, do ponto de vista do PIB (produto interno bruto) per
capita, mais posições recuou, comparativamente com os seus parceiros europeus, durante os últimos anos; e,
terceira, a evolução lenta do salário médio em Portugal.
Se virmos isto tudo nos nossos parceiros, aqueles que têm maior competitividade fiscal na União Europeia,
constatamos que aumentaram o seu PIB per capita e, naturalmente, aumentaram o salário médio. Portanto, não
perceber a relação que existe entre a competitividade fiscal, a capacidade de atrair investimento, a capacidade
de o remunerar e a consequência evidente que a remuneração do investimento tem na remuneração do fator
trabalho é não perceber minimamente como funciona uma economia aberta.
É isso que, em Portugal, temos de conseguir, mas o PRR é exatamente o contrário. Esse é o modelo
socialista de achar que não é a atração de investimento, a remuneração de investimento e a remuneração do
fator trabalho que trazem melhor qualidade de vida aos portugueses. Pelo contrário, é o modelo socialista de
achar que é o investimento nas estruturas na Administração Pública que vai conseguir generalizar os efeitos,
coisa que nunca conseguiu e que nunca irá conseguir.
O Sr. Deputado perguntava-me qual é a consequência disto. Bom, é a consequência normal do socialismo,
neste caso com mais dinheiro do que nunca e com a capacidade de ter uma oportunidade perdida, como sempre.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera, do PCP, também para pedir esclarecimentos.