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I SÉRIE — NÚMERO 69

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O Sr. João Dias (PCP): — Não sei!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito pior mesmo! O Governo, muitas vezes, por complexo ideológico, fomentado pelo PCP e por outras forças que se sentam

neste Parlamento, tardou em resolver os problemas, não reconhecendo a importância das respostas sociais e

das respostas privadas, adiando aquela que poderia ser a resposta às pessoas.

Protestos da Deputada do PCP Alma Rivera.

Lembro-lhe só o que aconteceu nos lares, onde, por complexo ideológico, se tardou em reconhecer que as

IPSS (instituições particulares de solidariedade social) tinham um papel fundamental na resposta a esta crise.

Foi preciso haver surtos pandémicos nos lares para que o Estado percebesse que tinha de cooperar com essas

IPSS a ponto de resolver os problemas.

Diz-me a Sr.ª Deputada: «Foi o Estado que resolveu.» Ó Sr.ª Deputada, se não tivessem sido as IPSS, os

idosos de Portugal teriam passado por esta situação protegidos como passaram? Apesar do Estado, ter-se-ia

conseguido poupar tantas mortes?

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. Por isso lhe digo, Sr.ª Deputada, que se esta pandemia demonstrou alguma coisa foi que o princípio da

subsidiariedade deve presidir às políticas públicas. Certamente teremos melhores políticas públicas se

orientarmos a resposta para o cidadão do que se a orientarmos exclusivamente para o Estado.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Igualmente para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Manuel Rola, do Bloco de Esquerda.

A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, responder à economia neste pós-pandemia implica olhar de forma radicalmente diferente para a sociedade, para as

necessidades e para o que foi feito ao longo dos anos, nomeadamente desde os anos 90, numa transição

produtiva e energética que responda às alterações climáticas e que se faça com justiça social. Quer os

transportes, quer a energia, quer os empregos necessitam garantir esta transição climática e necessitam garantir

justiça social.

Olhar para a economia dos cuidados, por exemplo, e para a questão da habitação como eixos estruturantes

de uma economia justa é, nesta discussão, essencial. Sem políticas públicas não haverá, sequer, direito à

habitação, que foi, relembro, «roído» pelo modelo do mercado selvagem e pela especulação que o CDS

promoveu enquanto esteve no poder.

O mesmo se pode dizer relativamente aos milhares de empregos públicos que devem ser criados na área

social. E, é verdade, se alguma coisa a pandemia nos mostrou foi que é necessário um outro modelo para a

área dos cuidados. E isto faz-se, sim, com investimento público, com planeamento, com democracia económica.

Queria trazer aqui, como exemplo, algo que está a acontecer na cidade do Porto. Uma creche, em Cedofeita,

com 100 crianças, depara-se, neste momento, com a possibilidade do seu encerramento já no dia 31 de julho,

com um aviso prévio de cerca de um mês. E não é por não haver no mercado necessidades de respostas a nível

de creches, é porque o mercado não responde às necessidades destas pessoas, que vivem dos seus

rendimentos e que não têm 500 € ou 700 € para pagar creches a crianças que necessitam de resposta, de

cuidados, para que os seus pais e as suas mães possam trabalhar.

Gostava de saber, Sr. Deputado, como é que responde a esta questão, a que claramente as entidades do

terceiro setor não respondem, quando é necessário mantê-las.

Aplausos do BE.