21 DE MAIO DE 2021
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A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Pinho de Almeida, queria felicitá-lo pela sua intervenção sobre uma matéria tão abrangente, que nos dá oportunidade de abordar temas tão importantes.
O Sr. Deputado disse que não é o investimento na Administração Pública e nos serviços públicos que nos
safa. Mas foi isso que nos safou no contexto do problema sanitário por que passámos. Muitos dos problemas
que tivemos foram, também, uma consequência de décadas de subfinanciamento, para o qual, aliás, o CDS
também contribuiu.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — No SNS (Serviço Nacional de Saúde), os problemas que se verificaram foram, exatamente, de falta de pessoal para responder às necessidades e de uma desadequação dos meios face à
necessidade de responderem, neste momento, à reposição da atividade programada.
Por isso, pergunto: o CDS acompanha a proposta, pela qual o PCP se tem batido, de reforço dos diversos
profissionais do SNS para responder e repor a atividade programada?
A situação demonstrou-nos, também, que a escola pública não está adequada às necessidades. Há turmas
tão grandes que não é possível, sequer, manter 1 m de distanciamento entre os alunos.
O Sr. Deputado considera que a escola pública precisa de um reforço de funcionários? Acompanha o PCP
nesta reivindicação por funcionários, por técnicos superiores, por professores, pela redução do número de
alunos por turma?
A situação demonstrou-nos, ainda, que os trabalhadores têm uma função essencial: estruturam a nossa
sociedade, o trabalho é um elemento estruturante para o País. Percebemos que, sem os trabalhadores,
nomeadamente dos serviços essenciais, nada vai para a frente e que, sem eles, não se conseguiria ter
respondido à pandemia.
Portanto, considera, tal como o PCP, que é preciso valorizar os salários? Considera que é preciso uma
retribuição justa pelo trabalho de quem tanto se esforça para fazer com que o País funcione, nomeadamente
com o aumento do salário mínimo nacional? Considera que se devem combater a precariedade e os vínculos
precários? Considera, por exemplo, que devemos criar condições para não existirem abusos no teletrabalho?
Considera que se devem criar regras específicas para que não saia muito mais barato ter trabalhadores em
casa, desde que eles paguem as despesas específicas que a empresa pagaria? Considera que a ACT
(Autoridade para as Condições do Trabalho) deve ter um reforço significativo e mais capacidades executivas
para resolver os atropelos gravíssimos que existem?
Gostaríamos de obter do CDS respostas a essas perguntas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Alma Rivera, se a sua pergunta é no sentido de saber se o CDS adere, quer na resposta à pandemia, quer no que
vem a seguir, do ponto de vista ideológico, às respostas do PCP, obviamente que a resposta é «não».
Vou, pois, aproveitar este tempo de intervenção, tal como a Sr.ª Deputada aproveitou, e bem! A Sr.ª Deputada
aproveitou para defender a agenda do PCP relativamente a estas matérias e eu vou contrapor com a agenda
do CDS, desde logo relativamente a matéria factual.
Se há coisa que, até aqui, o tempo que vivemos provou foi que a melhor solução é a que privilegia os
destinatários das políticas públicas, que são sempre as pessoas. Nenhuma política que privilegie quem presta
o serviço é melhor do que a política que privilegie quem o recebe. Por isso, temos de perceber que ficou evidente
neste combate à pandemia que o serviço público é aquele que prestam as entidades públicas e privadas na
satisfação das necessidades de cada um.
Vou dizer-lhe, sinceramente, que, se estivéssemos exclusivamente dependentes das respostas públicas,
tínhamos passado muito pior nesta pandemia.