21 DE MAIO DE 2021
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Portanto, mais vale vermos a tempo qual é o problema que temos. Até pelo seguinte, Sr. Deputado: eu podia
ter vindo aqui fazer uma intervenção em que agarrava nestes 5,4% de recessão e só dizia mal da realidade do
Governo. Mas terá reparado que a minha intervenção não foi sobre isso. A minha intervenção foi exatamente
sobre as prioridades pós-pandémicas e sobre como é que nós podemos resolver este problema. Não perdi
tempo a dizer mal do Governo, até porque acho que a convicção sobre isso é generalizada, pelo que seria
mesmo perder tempo.
Que o Governo não esteve bem, todos sabemos. Agora, o importante é sabermos como é que o País vai
fazer melhor.
A Sr.ª Isaura Morais (PSD): — Ora bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E no desemprego temos um exemplo disso. Sabe porque é que acontece isso? É porque o emprego, felizmente, em Portugal, ainda depende muito de cada um dos
empresários, dos pequenos empresários, cuja última coisa que fizeram, numa situação tão difícil como esta do
ponto de vista social, foi despedir alguém. Os senhores deviam ter respeito por essas pessoas, por aqueles que
muitas vezes se esforçaram, eles e as suas famílias, para manterem o posto de trabalho de outras pessoas que
trabalharam com eles toda a vida e que eles são incapazes, neste momento, de pôr em causa.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente. O que o Governo deve fazer nesta altura não é ficar a regozijar-se disso, sem dar resposta; é, sim, reconhecer
o empenho de tantos pequenos empresários, que protegeram o emprego e que puderam, na resposta à crise,
dar essa contrapartida.
Já agora, também lhe queria dizer que estudei numa escola pública, Sr. Deputado.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma declaração política, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: 130 mil milhões de euros foi quanto o nosso País recebeu em 33 anos, via fundos europeus, para realizar o suposto «milagre português» em
toda a frente, num País que, aquando da adesão à antiga CEE (Comunidade Económica Europeia), tanto tinha
por resolver, nomeadamente ao nível de áreas como infraestruturas ou a nível ambiental. Falamos de cerca de
10,8 milhões de euros por dia.
Não obstante, vários são os estudos que nos dizem que estes fundos nem sempre serviram para fazer as
reformas estruturais de que o País necessitava, designadamente em matérias de resíduos, abastecimento de
água e saneamento.
Mas não é apenas isto que estes estudos nos dizem.
Estes estudos vão mais longe e dizem-nos também que o efeito que as verbas europeias poderiam ter tido
foi posto em causa pela excessiva centralização do processo de tomada de decisão, pela criação de dificuldades
artificiais de candidatura, pela falta de auscultação da sociedade civil e do tecido empresarial, por uma certa
tendência para fenómenos de patronagem e pela sua instrumentalização para fins eleitorais.
De resto, um relatório do Organismo Europeu de Luta Antifraude, de 2019, diz-nos que o nosso País perdeu,
entre 2015 e 2019, no âmbito dos fundos estruturais e de agricultura, cerca de 1,92% do total de investimentos,
na sequência de fraudes e irregularidades, valor este que faz de Portugal o oitavo país da União Europeia com
a maior percentagem de perdas!
Lamentavelmente, não é só pela via da opacidade e do inadequado uso das verbas comunitárias que
Portugal viu escapar por entre os dedos milhares de milhões de euros, que tão importantes eram para o
desenvolvimento do País.
Efetivamente, outro problema crónico de que padece o nosso País é a manifesta incapacidade da boa
execução de fundos europeus, algo patente, por exemplo, no Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020, em que