I SÉRIE — NÚMERO 69
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O Sr. Duarte Marques (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, mais importante do que discutirmos os montantes ou quanto é que Portugal já usufruiu, se calhar o mais relevante é saber se usufruiu bem, se
aplicou bem.
Se Portugal cresceu muito nestes últimos anos, graças também ao investimento dos fundos europeus,
imaginem se tivéssemos investido melhor do que muitas vezes fizemos!
O PAN manifesta uma contradição no seu discurso: por um lado, quer menos regras e mais facilidade, e, por
outro lado, quer mais controlo. Tem de definir o que quer.
Mas a pergunta que faço ao PAN é no sentido de perceber se concorda com o PSD ou não em como é tão
importante garantir uma boa comissão de acompanhamento — um dado curioso: quem desenhou o plano é
quem vai fiscalizar, mas lá iremos… —, garantir os organismos de gestão destes fundos comunitários, que, na
prática, vão triplicar face ao que temos, porque existem ainda 3 mil milhões para gastar do PT 2020, vamos ter
o PT 2030 e, ao mesmo tempo, o PRR… E se já andamos atrasados, como o próprio Partido Socialista
reconhece, recomendando que se crie mais capacidade nas agências, como o IAPMEI (Agência para a
Competitividade e Inovação) e outros organismos de gestão, para poder executar e responder melhor às
entidades e às empresas, como é que vai ser para triplicarmos o valor?
Portanto, diria, Sr. Presidente, que o nosso foco, para já, deve ser o de garantir que a Administração Pública
não vai bloquear a execução dos fundos nem os vai consumir todos, permitindo às empresas e às restantes
instituições usar a parte que lhes cabe e a parte que sobrar, que deve ser reforçada, porque o desenvolvimento
deste País tem sido muito alavancado nos fundos comunitários. Por isso, Sr. Presidente, para nós, PSD, o mais
importante é a boa governação dos fundos, é usá-los bem e não criar monstros de despesa que depois não
podemos sustentar.
Desafio, pois, o PAN a colocar-se ao lado do PSD para exigir ao Governo que, da mesma forma que este
exige aos bancos, já que prolonga as moratórias para a devolução dos empréstimos aos bancos, faça o mesmo
com a reposição dos valores do sistema de incentivos às empresas que depende do IAPMEI. É que o Governo
diz aos bancos para cobrarem mais tarde, mas, naquilo que lhe diz respeito, já mandou começar a cobrar em
maio, como se não tivesse havido um segundo confinamento.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, começo, desde já, por agradecer as questões que me foram colocadas.
Sr. Deputado Hugo Costa, em relação às questões que colocou, creio que, em alguma medida, não ouviu
aquilo a que nos estávamos a referir. Nós não diabolizamos,…
O Sr. Hugo Costa (PS): — Diabolizam, sim!
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — … muito pelo contrário reconhecemos a importância dos fundos comunitários na coesão e no desenvolvimento territorial. E, se estivesse atento, teria percebido que era
claramente a isso que nos estávamos a referir.
Mas, mais: reconhecemos aquilo que é a importância de uma correta fiscalização e monitorização —
certamente concordará connosco —, que tem de existir nesses fundos quando temos taxas de execução do
quadriénio, até 2020, na ordem dos 58%. E, mais grave ainda, Sr. Deputado, recordo que, em matéria ambiental,
Portugal executou apenas 7,2% desses mesmos fundos, quando o compromisso era executar, pelo menos,
20%. Ou seja, ficámos manifestamente aquém daquilo que era a capacidade de investimento para uma matéria
tão estrutural e importante como a do combate às alterações climáticas, o que nos parece absolutamente
inadmissível.
Nesse sentido, Sr. Deputado, parece-nos, de facto, que a ausência de uma execução efetiva dos fundos,
aliada aos fenómenos de corrupção, ao aligeirar dos mecanismos de controlo, quer do Tribunal de Contas, quer