I SÉRIE — NÚMERO 73
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Que a escola presencial é um bem maior, maior quer do ponto de vista das aprendizagens, quer do
desenvolvimento de competências, da socialização das crianças e jovens, da promoção da saúde e do bem-
estar físico e mental dos mesmos, estamos todos de acordo.
O ensino presencial deve ser a regra porque é o melhor para as crianças e jovens a nível pedagógico, social,
do acompanhamento especializado e, até, para as crianças que se encontram, eventualmente, em risco no seio
familiar.
O problema que estes pais e encarregados de educação colocam é o da segurança das escolas, da
segurança sanitária dos seus filhos. Apesar de solicitada informação por diversas vezes ao Ministério da
Educação, ninguém sabia, nem sabe, quantos alunos e alunas se encontravam infetadas com o SARS-CoV-2,
quantos e quantas se encontravam em isolamento profilático, quantos se encontravam assintomáticos mas com
capacidade de contaminar outros, quantas e quantos professores e auxiliares eram doentes de risco, quantas e
quantos estavam infetados ou em isolamento profilático ou quantas turmas se encontravam igualmente em
isolamento.
Esta falta de informação por parte do Ministério da Educação, aliada à aplicação de critérios díspares por
parte das autoridades de saúde locais, causou receios, angústias e inseguranças legítimas nos pais.
Mais: o Ministério da Educação não investiu como deveria nas condições de segurança para a frequência do
ensino presencial.
O Ministro da Educação faltou ao prometido: faltou com os testes, faltou com os computadores e rede de
internet, com que se tinha comprometido precisamente para setembro, para o início do ano letivo de 2020/2021.
O Ministro da Educação faltou na distribuição de meios, mormente de webcams para assegurar o ensino on-
line para os alunos que se encontravam em casa, de computadores e no reforço atempado de recursos
humanos. A tão propalada escola digital não foi assegurada pelo Ministério da Educação, tendo este executado
apenas 60% da verba prevista para 2020.
Que recursos é que cada uma das escolas tinha ao seu dispor para o ensino presencial e para o
acompanhamento dos alunos que se encontravam em casa? Pois, também não sabemos! O que se sabe é que
o plano tecnológico aconteceu há alguns anos e os equipamentos que restam dele estão obsoletos.
Às escolas faltou quase tudo: informação, testes, equipamentos, professores e auxiliares, e não faltou mais
devido aos abnegados autarcas portugueses.
As assimetrias territoriais existentes entre as grandes cidades e os territórios de baixa densidade, entre o
litoral e o interior tornaram-se mais evidentes em tempo de crise.
O relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) de abril de 2021 é
muito claro quando refere que Portugal não tomou qualquer medida de fundo para contrariar os efeitos da
pandemia nas aprendizagens e só hoje, quase no final do ano letivo, vai ser dado a conhecer o plano de
recuperação das aprendizagens perdidas em tempo de pandemia, há muito reclamado, um plano para
2021/2023 e prometido para maio deste ano. Sempre a correr atrás do prejuízo!
Sr.as e Srs. Deputados, não nos devemos esquecer que, mesmo em tempo de pandemia, os superiores
interesses das crianças devem prevalecer. Hoje, dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, vale a pena revisitar a
Declaração dos Direitos da Criança, adotada pelas Nações Unidas em 20 de novembro de 1959, bem como a
Convenção dos Direitos das Crianças.
A Convenção dos Direitos da Criança, no seu artigo 18.º, refere que «cabe aos pais a principal
responsabilidade comum de educar a criança e o Estado deve ajudá-los a exercer essa responsabilidade. O
Estado deve conceder uma ajuda apropriada aos pais na educação dos seus filhos». Eu acrescentaria que esse
dever é maior e mais premente no contexto pandémico em que temos vivido.
Termino com uma frase de Séneca: «A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida».
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP cumprimenta os subscritores da petição.