2 DE JUNHO DE 2021
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De facto, foram até enviados uma série de dados, bastante extensos, fundamentando o que é solicitado pelos
subscritores, mas cumpre-nos dizer que o PCP defendeu, desde sempre, a centralidade do ensino presencial
no processo de ensino-aprendizagem e alertou, inclusivamente, para o facto do encerramento de escolas em
dois anos letivos consecutivos, para além dos impactos negativos no percurso escolar e nas próprias
aprendizagens, vir aprofundar as desigualdades já existentes, levantar problemas ao nível da socialização das
crianças e dos jovens e contribuir para a degradação da sua própria saúde mental e física.
Estas questões não são teóricas, são práticas e são possíveis de constatar e, da nossa parte, consideramos
e defendemos que o Governo tem de intervir em relação a esta matéria para que os danos não se aprofundem.
Estes problemas foram, de facto, objeto de sucessivas intervenções da comunidade educativa, do PCP e de
vários outros grupos parlamentares e foram, inclusivamente, alvo de sucessivos alertas da Escola Nacional de
Saúde Pública, que, sistematicamente, foi apontando os impactos na saúde mental da população mais jovem.
A este respeito, gostaria de dizer que a própria ONU (Organização das Nações Unidas) tem afirmado que a
epidemia expôs e ampliou as desigualdades já existentes na educação e que, como sempre, foram os alunos
vulneráveis e marginalizados os mais afetados, apelando esta instituição a que os Governos mantenham as
escolas abertas e apoiem os professores, aumentando o investimento na educação.
Aliás, gostaria de dizer ainda que a ONU assinalou também que o encerramento das escolas originou uma
enorme perturbação na vida de crianças e jovens, afetando o seu desenvolvimento socio-emocional, o seu bem-
estar, assim como a sua vida social e os seus relacionamentos, evidenciando também aquilo a que a nível
nacional já tínhamos constatado, ou seja, os impactos na saúde mental das crianças e dos jovens.
O PCP não desvaloriza, como é evidente, aquilo que são preocupações legítimas de pais e encarregados de
educação em relação aos seus filhos e educandos, mas afirmamos com clareza que para o PCP não há
alternativa ao ensino presencial, sendo este o único que garante a necessária interação entre o aluno e o
professor na sala de aula, elemento decisivo para garantir a qualidade do ensino.
Há uma outra questão que nos preocupa: sabemos que não basta apelar para uma possível
complementaridade ou substituição por uma modalidade on-line, porque ela é profundamente desigual de
criança para criança, de jovem para jovem, de ponto do território para ponto do território. Portanto, não nos
parece que essa possa ser uma solução, isto é, a possibilidade de ficar ao critério de pais e encarregados de
educação, porque, efetivamente, há aqui uma questão geral e de sistema que tem de ser pensada.
No nosso País, a retoma faseada das aulas presenciais veio associada à realização em meio escolar de
testes à COVID-19, com uma taxa de positividade relativamente uma baixa, e o PCP considera que é preciso
prosseguir, reforçar e intensificar o caminho da vacinação, da testagem e do rastreio dos contactos. Isto é
fundamental.
Para o PCP, o caminho, no imediato e no futuro, passa pelo inequívoco reforço da escola pública, o que
implica mais investimento, mais trabalhadores, mais meios técnicos e materiais, melhor parque escolar, passa
por assegurar todos os meios para limpeza, desinfeção e higienização dos espaços, pelos equipamentos de
proteção individual para alunos e trabalhadores. Um caminho que aponte para a redução do número de alunos
por turma, há muito necessária e agora ainda mais evidente; um caminho de reforço da ação social escolar, com
os meios necessários e a iniciativa suficiente para garantir a todos os apoios atempados, que, nesta
circunstância, são acrescidos pelo agravamento da situação económica e social.
São estas as medidas que o PCP defende deverem ser implementadas com urgência na educação.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de mais, começamos por saudar os peticionários.
Da petição aqui trazida, gostaríamos de destacar três aspetos: primeiro, o papel da sociedade civil nas
políticas públicas de educação; segundo, a preocupação de tantos encarregados de educação com a gestão da
vida escolar e a saúde dos seus educandos, ao longo do que tem sido este contexto sanitário; terceiro, o atual
modelo educativo.