3 DE JUNHO DE 2021
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Isto é algo, Sr.ª Deputada, que consideramos fundamental, mas que não resolve todas as questões que
colocou.
Em simultâneo, temos trabalhado com o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública
para se construir um programa que identifique todas as necessidades — e sabemos quais são — dos museus
e monumentos, não apenas em relação à questão que aqui colocam, a nível dos vigilantes, mas também a nível
de técnicos superiores.
Temos falado muito pouco de técnicos superiores, mas eles são necessários nos museus e nos monumentos.
Por isso é que este programa é muito importante. É muito importante o emprego científico, mas também é muito
importante, para o futuro, a renovação que façamos dos quadros. Precisamos, naturalmente, de vigilantes para
todos os museus e monumentos, mas também precisamos de dotar os respetivos quadros de técnicos
superiores.
Relativamente às questões que foram colocadas sobre o estatuto, realço, novamente, aquilo que aqui disse
há pouco mais de um mês — recordo que estive aqui, há pouco mais de um mês, precisamente a falar sobre o
estatuto e os diplomas que foram aprovados no Conselho de Ministros do dia 22 de abril. Iniciámos, então, esta
discussão que hoje estamos a ter e que, naturalmente, teremos sempre que as Sr.as e os Srs. Deputados
entenderem.
Relativamente ao estatuto, aquilo que foi aprovado está em discussão pública. No que se refere ao combate
aos recibos verdes, inclui o reforço da presunção da existência do contrato de trabalho técnico ou artístico —
criámos o regime próprio de fiscalização e regularização de situações que configurem falsas prestações de
serviços entre a ACT e a IGAC (Inspeção-Geral das Atividades Culturais). Recordo que foi criada — isto é muito
importante, Sr.as e Srs. Deputados, embora não tenha sido colocada a questão — uma taxa contributiva de 5,1%
para todas as entidades que contratem prestadores de serviços da área da cultura. E não, não é apenas para
aqueles que querem, é mesmo obrigatório, em qualquer circunstância. Esta taxa de 5,1% será sempre
obrigatória em qualquer situação; não é uma possibilidade, é uma obrigação.
E, mais: pela primeira vez, num diploma sobre esta matéria, fez-se algo muito importante e que há muito
tempo era solicitado, que é, precisamente, a possibilidade de conversão do valor do recibo em dias de prazo de
garantia para o acesso ao subsídio de suspensão de atividade.
Isto era algo que, há muito tempo, era solicitado por todas as entidades profissionais do setor, por uma razão
evidente: porque tem de ser um regime justo e que tenha em atenção aquilo que é a natureza do trabalho
artístico.
Aplausos do PS.
O que nós estamos a criar é algo que não existe em Portugal, que não existe para mais nenhum setor
profissional. Nenhum trabalhador, em Portugal, tem o regime que estamos aqui a criar, em que as horas que se
trabalham correspondem a dias para o prazo de garantia para acesso a um subsídio de apoio social. Tal não
existe em mais nenhum setor, é algo que é inédito e que é muito importante para o setor.
Retomando o que disse, é de facto uma pena não que o Bloco de Esquerda não tenha votado a favor do
Orçamento do Estado. Como disse no início, essa é, naturalmente, uma decisão de cada grupo parlamentar e
sobre essa matéria muito já foi dito.
Protestos do Deputado do BE José Moura Soeiro.
O que é mesmo pena é que a palavra «cultura» não tenha sido escrita naquilo que foi entregue ao Governo
para efeitos de negociação do Orçamento do Estado, porque, aí, sim, teria sido muito importante que esse sinal
tivesse sido dado.
Aplausos do PS.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, o que eu espero, e espero mesmo, muito sinceramente, é que o debate de
hoje seja um sinal de que, para 2022 — um ano que ainda será, certamente, difícil para o setor da cultura —, o