17 DE JUNHO DE 2021
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É tempo de agir, sim. De resto, é sempre tempo de agir. Mas isso faz-se com ações de conservação da
natureza e restauro de habitats e não com parangonas. Esta matéria não tem merecido a devida atenção, mas
a base da política ambiental só pode ser esta.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Alma Rivera, começo
por dizer que eventualmente ouvi mal um dado que referiu. Quando diz que Portugal perdeu 47% da cobertura
arbórea, esse é um número que está, obviamente, errado! É que nem é 4,7%! Nem consigo entender de onde
é que veio esse número, mas, eventualmente, tratou-se de uma deficiência auditiva minha.
Já agora, Sr.ª Deputada, gostaria de dizer-lhe que há também coisas que referiu que não estão
atualizadas.
Quando fala na poluição do rio Tinto, está completamente enganada.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Tem de ver as notícias desta semana!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Não está a ver bem onde é que fica o rio Tinto!
Sobre o rio Tinto, até conheço muito bem o projeto; fui eu que o comecei, antes de ser Ministro. É mesmo um
exemplo excecional de um rio despoluído, com um projeto relevantíssimo que permitiu não só melhorar,
sobremaneira, a qualidade da água do rio como, em simultâneo, ser hoje um espaço estruturante entre o Porto
oriental e Gondomar, onde lhe recomendo que faça uma boa passeata, porque vale mesmo a pena, bem ao
lado do rio Tinto.
Sr.ª Deputada, não tenho grandes dúvidas de que o tema mais estruturante das políticas ambientais, que
se traduz na mitigação ou redução dos gases que provocam o efeito de estufa e a adaptação a um planeta
com novas condições climáticas, se vai transformar no restauro dos ecossistemas e na proteção da
biodiversidade. Acho mesmo que este vai ser o próximo drivingforce das políticas ambientais.
Nós já fizemos muito por isso, Sr.ª Deputada. Mais de 60 milhões de euros foram e estão a ser investidos
na conservação da natureza.
Já cá não está a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, mas, sempre por proposta do Partido Ecologista «Os
Verdes», duplicámos o número de vigilantes da natureza. Contratámos, a título definitivo — porque, a título de
contrato a três anos, nem sei quantos são —, 100 novos homens (aliás, um dos contratados é uma senhora)
para o corpo de agentes florestais, e estamos muito mais presentes no território.
Sr.ª Deputada, achamos absolutamente essencial, sem nunca o ICNF (Instituto da Conservação da
Natureza e das Florestas) perder nenhuma das responsabilidades, nomeadamente ao nível do licenciamento,
partilhar a gestão dos parques e das áreas protegidas pelas autarquias.
Sabemos bem que o seu partido discorda, tendo passado um atestado de menoridade aos autarcas do
vosso partido, pois só um dos parques não vai ser gerido em co-gestão, que é o Parque da Arrábida. Vai ser
mesmo o único, porque os senhores entendem que os autarcas do PCP não têm competências para tal.
Felizmente, no resto do País, todos os outros autarcas têm competência para tal. Se calhar, estes também a
têm, mas enfim… Daquilo que conheço, têm certamente.
Por isso, Sr.ª Deputada, é mesmo esse o nosso princípio. É mesmo isso que estamos a fazer e é essa a
transformação na gestão que estamos a criar. Dela resultarão, certamente, muitas coisas importantes e
positivas, sendo que há muitos exemplos que já podemos dar.
Não falo só do futuro, falo do enorme exercício de restauro de ecossistemas que aconteceu no Gerês, no
Ramiscal, na Mata da Albergaria. Falo do restauro dos ecossistemas das aves rupícolas, no Parque Natural do
Douro Internacional. Falo no restauro do ecossistema do lobo, no Montesinho. Todos eles foram recuperados,
todos eles voltando a repor a paisagem em mosaico que todos estes territórios têm.
E não, Sr.ª Deputada, não concordo com a existência de um diretor em cada parque. Conheço bem as
experiências dos parques com os diretores, recordo-me de algumas positivas, poucas, mas, de uma maneira