I SÉRIE — NÚMERO 77
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O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Não falei em barragens!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Deputado, as perdas de água são, como sabe,
nos sistemas municipais. Não conhece valores de perdas de água em alta, neste País, porque elas não
existem. Portanto, são nos sistemas municipais.
Bom, o que sei dizer é que o PO SEUR já conseguiu promover investimentos, praticamente na ordem dos
845 milhões de euros, quase exclusivamente para a baixa.
Um destes avisos específicos foi, exatamente, para combater as perdas de água e, com isso, conseguimos
ter resultados. E os resultados passarão essencialmente pela agregação de sistemas, porque boa parte destas
perdas de água não são perdas físicas — felizmente, para o ambiente —, são perdas comerciais, infelizmente
para o comum dos cidadãos, que têm na mesma de pagar essas perdas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para formular a suas perguntas, a Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do
PAN.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Ambiente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Amanhã, dia 17 de junho, comemora-se o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à
Seca. Há 60% do nosso território em risco de desertificação — quem o diz é o Centro que o Governo criou em
2018. Criou o Centro, mas faltam as decisões políticas.
Na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a Meta 15 estabelece o objetivo de deter e reverter
a degradação da terra. Perguntamos-lhe quando e como vão entrar estas políticas no calendário do Sr.
Ministro do Ambiente?
Face à realidade em termos de escassez hídrica, o Sr. Ministro insiste em não exigir a revisão da
Convenção de Albufeira e nem tão-pouco dá seguimento às recomendações emanadas desta Casa.
Os caudais mínimos definidos na Convenção não se aplicam em situações de exceção. Sabendo-se que o
nível médio de precipitação tem vindo a reduzir-se e que, em 10 dos últimos 15 anos, se aplicaram situações
de exceção, e sabendo-se também que, com os efeitos das alterações climáticas, está prevista uma redução
de precipitação até 40%, podemos concluir que, de futuro, não sendo revistas estas situações de exceção, tal
corresponderá a não estarem definidos quaisquer caudais mínimos, ou seja, estaremos perante a inutilidade
desta Convenção.
Perante esta estratégia, Sr. Ministro, quem lhe agradece são as hidroelétricas e Espanha.
Ainda sobre este tema, a escassez hídrica, a Associação de Beneficiários do Mira cortou a água aos
pequenos agricultores, que há muito se abasteciam do canal de rega ligado à albufeira da Barragem de Santa
Clara, que, ainda antes do início do verão, já se encontrava a menos de metade daquela que seria a sua
capacidade.
Esta escassez de água nesta zona em concreto é claramente agravada pelos padrões de consumo
insustentáveis da agricultura intensiva no litoral Alentejano. O que gostaríamos de perguntar aqui, hoje e
agora, é quais é que vão ser, efetivamente, as políticas ambientais para o Parque Natural do Sudoeste
Alentejano e da Costa Vicentina, porque, Sr. Ministro, em 2017, a IGAMAOT (Inspeção-Geral da Agricultura,
do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território) foi bem clara na inspeção que fez quanto ao que faltava
fazer.
O que gostaríamos de saber é se o Sr. Ministro do Ambiente vai, efetivamente, garantir a implementação
de um programa de gestão territorial de ordenamento deste parque e se acompanha a proposta do PAN,
nomeadamente, de suspensão de atividades agrícolas intensivas e superintensivas até aquilo que a IGAMAOT
identificou no relatório que lhe fez chegar estar, efetivamente, resolvido.
Sobre a exploração mineira, que já aqui, hoje, foi referida, o Sr. Ministro ainda não disse qual é a resposta
que vai dar às associações ambientalistas, nomeadamente no que diz respeito ao que está previsto no n.º 2
do artigo 28.º, ou seja, a permissão de exploração mineira em áreas sensíveis; ao que está previsto no n.º 8
do artigo 14.º, relativamente à limitação do parecer dos municípios à questão da prospeção; e ao que está