17 DE JUNHO DE 2021
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Entretanto, encontrei o calendário e, para o caso concreto, só para perceber como as coisas estão
detalhadas, apenas para a eficiência energética dos edifícios temos: no segundo trimestre deste ano, um aviso
para o apoio à renovação energética dos edifícios de 30 milhões de euros; no terceiro trimestre, um aviso para
a instalação de capacidade para autoconsumo e cuidados de energia no setor residencial, com a distribuição
de 20 000 vales para a eficiência; no terceiro trimestre, um aviso para apoio à renovação energética em
edifícios da Administração Pública, e por aí fora. Para um só caso, temos, de facto, um calendário muito
detalhado.
Sr. Deputado, agradecendo muito a sua pergunta, como eu disse no meu discurso inicial, uma parte muito
expressiva do que vão ser os investimentos industriais e a reindustrialização, em Portugal, acaba por estar
indiretamente — são investimentos privados — sob a tutela do nosso Ministério. Ou seja, uma parte muito
expressiva desses investimentos, mormente financiados através do PRR, tem que ver com a descarbonização
da indústria — aproximadamente 700 milhões de euros —, com a instalação de novas fontes de energia
renovável, que, enquanto for fonte solar e fonte eólica, não tem financiamento por esta parte porque o
mercado o dispensa.
Mas, Sr. Deputado, sobretudo quero dizer o seguinte: dos quase 1000 milhões de euros — 900 e tal mil
milhões de euros — que existem para as agendas inovadoras para a indústria, não tenha a mais pequena
dúvida de que uma parte muito expressiva — se calhar, muito provavelmente, mais de 50% —, vai estar ligado
à produção de hidrogénio verde e a todo o cluster das baterias, ou seja, áreas que estão sob tutela indireta,
evidentemente, porque são iniciativas privadas, deste Ministério.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Pedro Morais Soares, tem a palavra.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, há pouco falei das alterações climáticas, do
problema de água e da falta de visão estratégica por parte do Governo, que não investe, de facto, em
infraestruturas que nos permitam reter água nos anos em que chove. Falo na substituição de condutas de
água de abastecimento público com perdas muito significativas, muitas delas superiores a 40%, falo da
utilização de ETAR (estações de tratamento de águas residuais) para rega, pois a maior parte delas, Sr.
Ministro, não funciona em condições de maneira a que possa utilizar-se a água.
Apesar de haver alguns investimentos do PRR, é verdade, este assunto é demasiado importante para ser
ignorado ou para o Governo assobiar para o lado, como se nada se passasse. Este é um tema que tem de ser
estudado, desenvolvido e têm de ser implementadas soluções concretas por forma a não hipotecarmos o
futuro.
Sr. Ministro, a retenção de água, em Portugal, é «zero» e não vou falar de barragens, não vou trazer aqui o
assunto das barragens, mas o Governo não está, de facto, a ter políticas junto dos municípios no sentido de
criar, por exemplo, bacias municipais de retenção de água ou mecanismos de retenção de água a nível das
nossas cidades, a nível municipal. Estas são medidas necessárias e urgentes, Sr. Ministro. O que tem feito o
Governo sobre esta matéria, um problema que tem que ver com a retenção da água e que irá afetar Portugal
muito no futuro? Que tem feito este Governo no sentido de criar mecanismos de retenção da água?
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro
Morais Soares, o Sr. Deputado é mais novo do que eu, mas, certamente, aprendeu na escola aquilo que eu
aprendi: que um rio tem uma nascente, tem uma foz e, entre a nascente e a foz, existe um curso, que deve ser
o mais livre possível.
Essa regra da natureza mantém-se. Falar em alterações climáticas e falar em barragens é mesmo querer
duas coisas completamente distintas numa mesma frase.