I SÉRIE — NÚMERO 79
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É importante, Sr. Deputado Cotrim de Figueiredo, que olhe para este índice de sustentabilidade e veja
também este número. E, Sr. Deputado, com todo o respeito, vai-me permitir que lhe diga que as festas populares,
pelo menos, tiveram a oportunidade de mostrar o quanto podemos contar com o Iniciativa Liberal para o controlo
da pandemia.
Protestos do Deputado do PSD Cristóvão Norte.
Sr. Deputado Cotrim de Figueiredo, esperamos, por isso, no futuro, uma maior responsabilidade, uma maior
sensatez e um exercício diferente dos seus direitos, obviamente, mas também dos seus deveres enquanto
agente de saúde pública.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Passamos agora ao período de intervenções.
Para o efeito, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Santos, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Diana Santos (BE): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: Numa altura
em que estamos a pensar no futuro, é bom frisar que o Governo proibiu ontem a circulação de e para a Área
Metropolitana de Lisboa, o que apenas demonstra que não estamos ainda livres da pandemia. Pandemia esta
que pôs a nu a fragilidade dos direitos humanos das pessoas com deficiência e também das suas famílias.
O último relatório Pessoas com Deficiência em Portugal — Indicadores de Direitos Humanos 2020 revela
que, em junho do ano passado, havia 13 270 pessoas com deficiência inscritas como desempregadas nos
centros de emprego, registando-se um aumento de 10% face aos dados globais de 2019.
A minha primeira pergunta é a seguinte: que propostas concretas tem o Governo para reverter estes
números, nomeadamente nos apoios concedidos às entidades empregadoras e na fiscalização do cumprimento
da lei das quotas?
Sabe-se, Sr. Secretário de Estado, que todas as pessoas com deficiência — e repito, todas — enfrentam um
maior risco de contrair COVID-19 quer seja devido às condições de saúde existentes, ao contacto com objetos
de apoio à mobilidade ou à comunicação e, principalmente, ao inevitável contacto próximo com os seus
cuidadores, formais ou informais, ou prestadores de serviços de apoio.
Relembramos que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas com deficiência são
categorizadas como populações vulneráveis em situações de emergência de saúde pública, sendo por isso
necessária uma especial atenção a este grupo populacional.
Ora, a atenção do Governo para com estas pessoas chegou tarde e a muito más horas, com impactos
gritantes na sua saúde, aprendizagem e exclusão social. Aliás, apenas um pequeno grupo destas pessoas é
considerado prioritário para vacinação, mas o Governo assume a fragilidade destas pessoas ao decretar a
continuidade do teletrabalho a quem assim o requer, e muito bem. A este respeito tenho, no entanto, a dizer que
o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda tem relatos de trabalhadores com mais de 60% de incapacidade a
quem o requerimento de teletrabalho foi negado.
Voltando a falar da vacinação, pergunto ao Governo: porque nunca foi dada uma resposta à petição baseada
nas recomendações da International Disability Alliance, subscrita por 67 organizações portuguesas para
pessoas com deficiência e subscrita por 6161 pessoas individuais, onde era pedida a vacinação para as pessoas
com deficiência e todos os cuidadores formais e informais das pessoas referidas? Porque continuam sem inserir
os assistentes pessoais como prioritários, tendo eles funções muito similares a outros profissionais prestadores
de cuidados?
Outra pergunta muito concreta: estando nós num período — espera-se — de desconfinamento progressivo,
mas sendo as máscaras ainda de uso obrigatório, vai haver finalmente distribuição de máscaras adaptadas para
pessoas surdas em serviços relevantes ou o contributo do Governo a este nível limitou-se apenas a visitar a
empresa Perfil Cromático?
Ainda no que se refere ao direito das pessoas surdas e de baixa audição ao acesso à informação, pergunto:
está prevista legenda de conteúdos nas campanhas ou comunicados que tenham a ver com a COVID? Muitas