I SÉRIE — NÚMERO 79
30
pronta a capacidade de verificação dos certificados, o que nos impede de acolher pessoas nos nossos
aeroportos de forma expedita, comprovando a sua situação.
Ficámos aquém na realização de investimento público, o último a nível europeu, na resposta à crise sanitária,
económica e social, o penúltimo a nível europeu. Em todos estes parâmetros, somos um dos países que menor
esforço orçamental fez na Europa para apoiar famílias e empresas, uma fatura que irá pagar-se muito caro.
Em último lugar, é extraordinário que, perante tamanhas insuficiências, a somar às graves indecisões e
incoerências que fizeram com que Portugal — isto tem de ser dito! — se tornasse num dos 20 países do mundo
com maior mortalidade por 100 000 habitantes, não se oiça do Governo nem uma palavra de reflexão crítica,
nem um reparo e objeção. Pelo contrário, ouvimos, sim, uma arrogante autossuficiência que ignora os problemas
e prefere mobilizar as suas energias, não para resolver este problema, mas para forjar uma narrativa, ao invés
de reconhecer e encontrar o caminho certo.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Não correu tudo mal — é verdade —, mas não correu tudo bem.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — E não corre tudo pelo melhor porque o Governo se recusa a admitir o que
correu mal. E quem não reconhece problemas não é e nunca será capaz de os resolver.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, o Sr. Deputado Carlos Pereira inscreveu-se para pedir
esclarecimentos ao Sr. Deputado Cristóvão Norte. No entanto, o Sr. Deputado Cristóvão Norte já não dispõe de
tempo para responder.
Por isso, pergunto se o Partido Socialista está disponível para ceder 1 minuto para que a resposta possa ser
dada. Caso contrário, o Sr. Deputado terá de se inscrever para uma intervenção. Pedirmos esclarecimentos a
quem não pode responder é uma forma muito fácil de alterarmos a ordem das inscrições. Portanto, não havendo
tempo de resposta, se o Sr. Deputado Carlos Pereira quiser, ficará inscrito para uma intervenção.
Sr. Deputado Carlos Pereira, tem a palavra.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, inscrevo-me para uma intervenção.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Fica inscrito, Sr. Deputado.
Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira, do PCP.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Neste debate,
os problemas sentidos pelos trabalhadores não podem, de todo, ser ignorados. É cada vez mais evidente o
aproveitamento e o oportunismo do patronato, especialmente das grandes empresas e dos grupos económicos,
com o objetivo de despedir trabalhadores, de promover a precariedade e de atropelar direitos de forma
escandalosa.
Há muitos casos concretos.
O Grupo Madureira’s despede 50 trabalhadores e não paga os direitos devidos — indemnização, férias
vencidas, subsídios de férias ou de Natal.
Na Avipronto, as trabalhadoras têm estado em greve porque a empresa denunciou unilateralmente o contrato
coletivo de trabalho. Com décadas de casa, ganham o salário mínimo nacional e têm os seus direitos
espezinhados por uma empresa que decidiu que o contrato coletivo já não se aplica. É também uma empresa
que viola o direito à greve.
A Fundação INATEL não cumpre o acordo de empresa. Há trabalhadores com mais de 20 anos de casa a
ganharem o salário mínimo nacional, com vínculos precários, com horários alterados unilateralmente pela
administração da empresa.