I SÉRIE — NÚMERO 80
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Ainda assim, estamos perante um avanço que julgamos dever ser assinalado e sublinhado.
Investigar um titular de um cargo político ou de um cargo público, que, consciente e deliberadamente, não
queira justificar a origem da sua riqueza súbita, é um imperativo de decência e de transparência.
Para nós, só exerce estes cargos quem quer. Eles ainda não são uma espécie de serviço militar obrigatório
ou de escolaridade obrigatória.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem dito!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Quem quiser exercê-los, sabe de antemão que fica sujeito a obrigações específicas e, se não pretender sujeitar-se a elas, tem bom remédio: não se candidata ou não aceita a
nomeação. É muito simples.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Portanto, para o PSD, faz todo o sentido que se preveja a necessidade de justificação da proveniência das alterações patrimoniais superiores a 50 salários mínimos. Para que todos
saibam lá fora, estamos a falar de 33 250 €.
Mas aquilo que é extraordinário e não pode passar ao lado deste debate é que muitos daqueles que vieram
agora a correr para o mercadinho da honradez e da probidade — vamos ser sérios — só o fizeram à boleia de
um processo que indignou o País e que tem como alvo e destinatário específicos um ex-primeiro-ministro
socialista.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Todos aqueles que, durante estes anos todos, não vieram a jogo, agora, depois de andarem longe destes combates e até de enfrentarem quem os quis travar, cá estão, cá vieram.
Mas, se há partido — isto orgulha-nos muito — com pergaminhos e com história nesta matéria e nesta luta
pela criminalização da ocultação de património, esse partido é o PSD.
Querem ver?!
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Sr. Deputado João Oliveira, em 2007, só houve um partido que teve esta preocupação, e esse partido
chama-se PSD.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está enganado!
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — O PCP só veio em 2009! Vamos lá pôr as coisas como elas são! Só veio em 2009!
O PCP fez uma coisa decente: em 2007, quando o PSD propôs a criminalização do enriquecimento ilícito, o
PCP votou a favor. E o Bloco de Esquerda também, e o CDS… Aliás, todos votaram a favor, menos um
partido — não preciso de dizer qual é, já vão descobrir.
Em 2009, o PSD apresentou idêntica proposta e, depois de um sinal positivo, porque a proposta foi
apresentada na generalidade, esse partido, que em 2007 não quis a criminalização do enriquecimento ilícito,
em sede de comissão eventual criada para acompanhar este fenómeno, veio também votar contra.
Qual foi o partido, qual foi?! Adivinhem lá!
Foi o Partido Socialista, é evidente!
Em 2012, o PSD, juntamente com o CDS, voltou a apresentar o mesmo projeto. Foi aprovado por todos,
mas houve um partido, o incontornável Partido Socialista, que votou contra!