24 DE JUNHO DE 2021
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verificando o incumprimento dessa obrigação, determina, nessas circunstâncias, a verificação da prática de
um crime, sem inverter o ónus da prova.
O Sr. Deputado vai ter de explicar onde é que encontra, no projeto de lei do PCP, a violação de normas
constitucionais, na comparação que fez com o projeto de lei do Chega.
E até facilito a resposta que pretendo do Sr. Deputado: diga-nos qual é o artigo do projeto de lei do PCP
que é igual ao projeto de lei do Chega que o Sr. Deputado aqui referiu.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Em tempo cedido pelo PCP, tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Nelson Basílio Silva.
O Sr. Nelson Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, agradeço o seu pedido de esclarecimento.
Sr. Deputado, o que referi na minha intervenção não foi que é exatamente igual…
Protestos do PCP.
Na verdade, se os Srs. Deputados me ouviram bem — e, se quiserem, posso entregar-vos a minha
intervenção, que está escrita e da qual não me desviei nem um centímetro —, a única comparação que faço é
ao dizer que tanto o projeto de lei do PCP como o projeto de lei do Chega, este último hoje aqui em discussão,
estão feridos no momento da efetiva aplicação da própria lei para resolver o problema.
Protestos do PCP.
E tanto assim é que, inclusivamente, eu disse que o projeto de lei do PCP, que será votado na próxima
sexta-feira, também contém alguns erros de constitucionalidade,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas quais?!
O Sr. Nelson Silva (PAN): — … que não são iguais aos do projeto de lei do Chega. Logo, estar a tentar dizer que eu disse que o projeto de lei do PCP e o projeto de lei do Chega são exatamente a mesma coisa
creio que revela um pouco de desonestidade política. Mas cá estaremos para fazer a discussão.
Risos do Deputado do CH, André Ventura.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, pelo PSD, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Peixoto.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se alguém imagina que com a criminalização da ocultação de riqueza — também conhecida por «enriquecimento injustificado» ou
«enriquecimento ilícito» — vai acabar ou diminuir significativamente a corrupção, em Portugal, penso que está
a ser otimista.
É avisado que se diga, desde já, para baixarmos as expectativas, que este passo que é dado por todos,
desde a esquerda à direita deste Parlamento, não é nenhum ovo de Colombo, não é nenhuma cura para todos
os males, nem é nenhuma receita milagrosa.
Quem quiser prevaricar e tiver «dois dedos de testa», só com muita inabilidade se deixará apanhar. E
vamos lá ver se, com estas iniciativas, que são louváveis, não estamos a complicar a vida aos políticos e aos
altos titulares de cargos públicos sérios e honestos e o corrupto escapa na mesma. Vamos lá ver se não é isso
que vai acontecer! Tudo faremos para que não seja assim.
Mas, Srs. Deputados, enquanto o Estado engordar, os salários emagrecerem, a burocracia aumentar e a
qualidade da democracia decrescer, a corrupção continuará a proliferar.