I SÉRIE — NÚMERO 87
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Entretanto, Portugal foi ultrapassado pelos países do leste europeu e não espantam, obviamente, as palavras
da Comissária Elisa Ferreira sobre o atraso estrutural português e o desperdício dos sucessivos quadros
comunitários de apoio.
Mas, para o Primeiro-Ministro, o que conta é que Portugal já pode ir ao banco. Sim, Sr. Ministro, já pode ir
ao banco.
Com a «bazuca» à vista, Portugal corre o risco de desbaratar mais dinheiro dos contribuintes europeus. Para
aceder à «bazuca», basta um PRR e um governo de deslumbrados.
A gula de dinheiro fresco teve como mote os gastos supérfluos e incompreensíveis da Presidência
portuguesa do Conselho: um centro de imprensa vazio, compra de fatos, camisas, vinhos… E a Presidência
portuguesa não foi só um fantasma, foi também um banquete para um Governo que perdeu a total noção da
realidade.
Até a Ministra da Agricultura participou neste festival de exibicionismo e de gastos: foram 211 000 € de
festança, só para um dia da reunião do Conselho de Ministros da Agricultura. O catering para o almoço, o jantar,
um concerto privado com uma fadista… Pois é, nós sabemos que o fado dos Governos socialistas é gastar, e
gastar para europeu ver.
No que concerne à pandemia, o País conhece uma das fases mais vexatórias para a nossa Constituição.
Restringem-se liberdades com a maior ligeireza e, neste capítulo, é caso para dizer que, se o Dr. Mário Soares,
em tempos, meteu o socialismo na gaveta, o Dr. António Costa pôs a Constituição na gaveta.
Este Governo esteve seis meses muito próximo de Bruxelas, mas está cada vez mais distante de Portugal e
dos portugueses. Este Governo é, hoje, um cadáver, já não vive, decompõe-se.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Fabíola Cardoso, do Bloco de Esquerda.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr. Secretário de Estado, Srs. e Sr.as Deputadas: Debatemos o relatório anual, enviado pelo Governo ao
Parlamento, sobre a participação de Portugal no processo de construção da União Europeia, mas a notícia do
dia sobre Portugal na União Europeia são as declarações do Secretário de Estado francês, desaconselhando
as viagens a Portugal e a Espanha durante o verão.
Os impactos não só sobre o turismo, mas também na vida de milhares de emigrantes e das suas famílias,
em Portugal, são enormes.
O relatório que debatemos tem mais de 450 páginas, marcadamente descritivas, sobre temas tão relevantes
para o processo de construção da União Europeia como o novo Quadro Financeiro Plurianual, o novíssimo
Próxima Geração UE, mas, também, o Brexit, o Estado de direito na União ou a ação externa.
Apesar da abrangência dos temas tratados no relatório e da profundidade com que alguns são abordados, o
máximo divisor comum do ano de 2020 não poderia deixar de ser a resposta à COVID-19. Portugal surge sempre
em posições de apelo a respostas conjuntas e articuladas entre os 27, mas a realidade esteve, e está, hoje,
como se pode ver pelo exemplo das declarações do governante francês, bem longe deste objetivo.
Curiosamente, esta notícia surge quase ao mesmo tempo da notícia que anuncia que o Reino Unido não
isentará de quarentena todos aqueles que tenham a vacinação completa e chegarem ao Reino Unido vindos de
Portugal.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Isentará!
A Sr.ª Fabíola Cardoso (BE): — Isentará! Se eu disse «não isentará», peço desculpa, queria dizer «isentará».
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Foi um diálogo profícuo.