I SÉRIE — NÚMERO 90
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Valorizar o trabalho e os trabalhadores, apoiar os setores produtivos e a produção nacional, especialmente
as micro, pequenas e médias empresas, são algumas das opções a fazer para a política patriótica e de esquerda
de que o País necessita para sair da situação em que se encontra. Mas diga, Sr. Primeiro-Ministro, que opções
vai o Governo fazer?
Aplausos do PCP e do PEV.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, muito obrigado. Creio que hoje, a esta distância, já podemos comparar bem a resposta que demos a esta crise,
designadamente com o Orçamento do Estado para este ano, com as respostas que a direita deu à crise anterior.
Quando, na crise anterior, se chegou a 18,5% na taxa de desemprego e, agora, temos conseguido conter a
taxa de desemprego nos 7,1%, temos uma diferença muito importante.
Quando os indicadores sobre o rendimento demonstram que, graças às medidas sociais que foram adotadas,
o conjunto do rendimento disponível dos portugueses não teve uma quebra ao longo desta crise, isso é algo
muito relevante.
Portanto, quando pergunta se a nossa política de salários é a de congelar, sabe bem que não, porque já no
ano passado não o foi, mas foi, sim, a de aumentar o salário mínimo nacional, porque é necessário prosseguir
o desenvolvimento dos rendimentos de todos aqueles que trabalham.
Aplausos do PS.
Da mesma forma, estamos a negociar, com estruturas sindicais e com a Associação dos Profissionais da
Guarda, o tema do subsídio de risco das forças de segurança. Ainda hoje, houve uma reunião em que o Governo
apresentou uma proposta e está marcada uma nova, que contemplará não só o debate sobre o subsídio de
risco, mas também a valorização das primeiras posições de entrada na carreira, o que é muito relevante para
uma questão central que referiu, que tem a ver com a valorização geral dos salários.
Relativamente à precariedade, foi viabilizado, pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista, o diploma
apresentado pelo PCP, de forma a que, precisamente, possamos fazer, em sede de especialidade, um trabalho
entre a proposta de lei que o Governo apresentará e o projeto de lei que o PCP apresentou, para termos um
regime legal que assegure e garanta a dignidade no trabalho, para todos aqueles que trabalham.
Aplausos do PS.
Na Agenda para o Trabalho Digno, não ignorámos o tema dos horários e, designadamente, tratámo-lo sob a
ótica da conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional.
Por fim, quanto às moratórias, esse é um tema que acompanhamos com muita atenção e muito cuidado.
Registamos que, das 10 000 situações de moratórias que, entretanto, foram ultrapassadas, 8000 eram relativas
a famílias. Já temos um quadro legal que responde à situação das empresas e iremos continuar a acompanhar
a situação das famílias, mas, até ao momento, a indicação que temos é a de que não há necessidade de
fazermos mais do que aquilo que tem sido feito e que, entre os credores e os devedores, têm sido encontradas
soluções que asseguram a solvabilidade e evitam a asfixia de quem quer que seja.
Uma coisa posso garantir-lhe: tomaremos as medidas que forem necessárias para que ninguém fique para
trás nesta crise.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do CDS-PP. Sr.ª Deputada Cecília Meireles, tem a palavra, para um pedido de esclarecimentos.