18 DE SETEMBRO DE 2021
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Ofélia Ramos.
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, os projetos de resolução que hoje
discutimos recomendam ao Governo a prorrogação e o alargamento do âmbito de aplicação do subsídio social
de desemprego, do subsídio de desemprego e também do Apoio Extraordinário ao Rendimento dos
Trabalhadores, bem como a redução dos prazos de garantia do apoio aos desempregados de longa duração e
a repristinação do apoio à redução da atividade económica.
O Grupo Parlamentar do PSD acompanha, na generalidade, as preocupações subjacentes a estes projetos
de resolução, porque Portugal é um dos países mais afetados pela crise pandémica.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Apesar disso, em 2020, foi o terceiro país da zona euro que menos investiu
em medidas de resposta à crise pandémica e, em 2021, continua a ser dos países da Europa que menos
investe na resposta à crise.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Numa crise económica e social como aquela que hoje enfrentamos, devem
ser duas as principais prioridades do Governo. Uma das prioridades é a rápida recuperação da economia, das
empresas e da capacidade produtiva. Esta é a forma mais eficaz de criar emprego. Quanto maior
empregabilidade, melhores são as condições e a qualidade de vida das pessoas. A outra prioridade, tão
importante quanto a primeira, é a proteção social dos mais desprotegidos, ou seja, de todos aqueles que se
encontram privados de rendimentos e de apoios sociais. E aqui, o Governo tem de cumprir a sua função como
principal garante do Estado social. Ninguém pode ficar para trás, ninguém pode ficar abaixo do mínimo da
dignidade humana, independentemente da sua condição laboral ou independentemente da sua situação
contributiva.
O Governo já fez saber que, face à retoma económica, os apoios às empresas e os apoios sociais vão ser
descontinuados. Mas o Governo que não se precipite e não crie esta ilusão!
Tendo em conta os fortes impactos da crise económica e social e sabendo nós que a recuperação da
economia será lenta, dúvidas não temos de que as dificuldades das empresas e as dificuldades das famílias
vão prolongar-se por mais algum tempo. Neste contexto, entendemos que o fim repentino dos apoios pode
deixar muitas famílias à míngua, pode espoletar o encerramento de muitas empresas e o crescimento brusco
do desemprego, com a consequente perda de rendimento das famílias.
Se o Governo não apostar numa verdadeira estratégia de combate aos efeitos económicos e sociais da
crise pandémica, aquilo que podemos esperar é o agravamento das desigualdades sociais e dos riscos de
pobreza.
Por isso, os projetos de resolução que hoje se discutem, a par do desejo que todos temos de garantir
apoios sociais a todos aqueles que deles precisam, merecem e exigem que se faça uma reflexão sobre aquilo
que as pessoas querem para as suas vidas e para a vida dos seus filhos. E aquilo que querem não passa
certamente por sobreviverem com o pouco que o Governo lhes pode dar. Não passa certamente por viverem
de promessas de apoios que não chegam ou que tardam a chegar. Não passa certamente por se manterem
adaeternum numa situação de desemprego, numa situação de trabalho precário e de baixos salários.
O combate à pobreza não passa apenas por dar mais e mais apoios, passa igualmente por termos uma
estrutura económica e empresarial capaz de promover mais e melhor emprego, quer reduzindo a sua
precariedade, quer aumentando os salários dos trabalhadores. Só desta forma podemos garantir melhores
condições e qualidade de vida para as pessoas e para as suas famílias.
Para os partidos de esquerda, o combate à pobreza causada pela crise pandémica passa única e
exclusivamente por dar mais apoios sociais, na tentativa de ficarmos todos dependentes do Estado e na
tentativa de retirar todas e quaisquer perspetivas de vida às pessoas, eliminando o chamado «elevador
social».