I SÉRIE — NÚMERO 8
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regiões da Europa, aquando do vulcão da Islândia, com uma paralisação geral da aviação civil. Isso foi fatal,
obviamente, para aquele plano de expansão da TAP e obrigou a uma reorientação completa de um plano de
reestruturação, que está, neste momento, em discussão muito avançada com a União Europeia.
Como V. Ex.ª já teve oportunidade de, seguramente, ao longo da vida, desenvolver múltiplas negociações,
sabe que a pior forma de negociar com alguém é começar por admitir o insucesso da sua própria proposta e
de que tem um plano B, um plano C, um plano D…
Aplausos do PS.
Ora, compete ao Governo português apoiar a TAP na negociação com a União Europeia. É o que iremos
fazer, para defesa dos interesses de Portugal e dos interesses dos portugueses. Neste quadro, não há um
plano B, há o plano A, que é o plano que apresentámos e que é o melhor plano para o futuro de Portugal e da
TAP.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Rui Rio, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Rui Rio (PSD): — Sr. Presidente, quando o Sr. Primeiro-Ministro diz que ninguém conseguiu prever a pandemia é verdade, mas houve outros que conseguiram prever o que acontece a uma empresa daquele
género, no futuro, com ou sem pandemia.
Sem pandemia, o Governo anterior — e bem — privatizou a TAP. Estaríamos fora disto se tivessem
mantido essa situação.
Aplausos do PSD.
Depois da pandemia, outros países conseguiram prever o que poderia acontecer e deixaram cair aquilo
que não é viável para fazer uma coisa viável.
Sr. Primeiro-Ministro, refugia-se na questão da negociação, mas todos nós sabemos que não há plano B,
ou seja, se a Comissão Europeia chumbar a tal orgia financeira, ficamos sem TAP e sem todos estes milhões
que, entretanto, lá foram metidos.
Vou agora colocar-lhe uma outra questão que, na prática, acho que era a questão que a Deputada do CDS
queria colocar, mas fê-lo de uma forma mais lateral. A Sr.ª Deputada perguntou se ninguém ia pagar mais IRS.
Eu vou fazer-lhe a pergunta muito claramente, pois era isso que, penso, estava no espírito da questão.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E não garantiu!
O Sr. Rui Rio (PSD): — Pois, não garantiu. A equação é simples e é estratégica, absolutamente estratégica para a nossa economia. Portugal precisa
de crescimento, Portugal não tem crescimento se não tiver investimento, não há investimentos se não houver
capital e Portugal tem escassez de capital e défice na balança externa. Logo, Portugal precisa de acarinhar a
poupança, que é a única via para conseguirmos capital interno para o investimento que é preciso e para o
crescimento de que também necessitamos. Hoje, a poupança é algo que não é minimamente acarinhado e,
por isso, está muito baixa. Quem meteu as suas poupanças num apartamento e o arrendou, paga 28% de IRS
e, assim, a coisa ainda vai andando. Mas depois quem tem poupanças que mete no banco — um depósito a
prazo, uma obrigação, seja o que for — já tem uma taxa de juro real negativa em cima da qual se paga 28%.
No fim, perdeu dinheiro.
Isto é estratégico, por uma razão muito simples: ou nós conseguimos aumentar a poupança ou o
investimento que vamos ter, em larga medida, vai ser um investimento assente em endividamento externo.
Ora, isso é que não podemos!
O Sr. Presidente: — Agradeço que conclua, Sr. Deputado.