8 DE OUTUBRO DE 2021
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profissionais no Serviço Nacional Saúde a mais do que tínhamos no início de 2016. Essa é uma trajetória que
tem acontecido.
O orador exibiu um gráfico com os dados que mencionou.
Aplausos do PS.
Como sabe, nas negociações que temos mantido sobre o Orçamento para o próximo ano este é um tema
que temos vindo a tratar e a considerar. Sabemos todos bem que muitos dos concursos que têm sido abertos,
infelizmente, têm ficado desertos, não obstante haver este aumento global. Sabemos que isso acontece
sobretudo em algumas especialidades e sabemos também que isso acontece em especial em algumas
regiões do País. Ora, é preciso ter esta análise para desenhar as medidas acertadas para que elas tenham o
efeito pretendido, que é evitar que fiquem desertos os concursos onde eles estão a ficar desertos e continuar a
ter oponentes aos concursos em número significativo, onde eles existem. É esta a trajetória que vamos seguir.
Como sabe, teremos nas próximas horas oportunidade de falar mais aprofundadamente sobre esta matéria
e vamos, com certeza, continuar a trabalhar juntos para fortalecer o Serviço Nacional Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins, do BE. Faça o favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, pois é, às vezes, o aumento do número de profissionais dito como um todo diz-nos pouco sobre a capacidade do SNS.
O SNS precisa de mais gente. Tem profissionais exaustos, que viveram a pandemia, sabemos que vamos
ter também o peso, no SNS, do longo COVID e, claro, dos cuidados não COVID, que têm de ser retomados —
muitos foram adiados —, agora com pressão crescente, tudo isto a incidir sobre profissionais que já estão
exaustos. E, como sabe, o aumento do número de profissionais não resolve as carências em determinadas
especialidades nem as carências em determinadas zonas do País.
É por isso que insistimos: é preciso olhar para as carreiras no Serviço Nacional Saúde. Não dar nenhuma
perspetiva aos médicos, aos enfermeiros, aos técnicos, aos vários profissionais que fazem o SNS, sobre a sua
carreira é, sim, pôr em causa a sobrevivência do Serviço Nacional Saúde.
Por isso, para o Bloco de Esquerda, este é um caminho central daquilo que se vai fazer. Quando falamos
do Orçamento, precisamos de falar de trabalho, porque é destes trabalhadores também que falamos.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, queria falar-lhe também das pensões. Foi feito um caminho entre 2015 e 2019,
que o Bloco de Esquerda valoriza muito, sobre as longas carreiras contributivas, para acabar com cortes muito
injustos em pensões de quem trabalhou toda uma vida.
Há lacunas ainda, não avançámos sobre alguns dos sectores onde há mais desgaste. Lembro, por
exemplo, os trabalhadores por turnos ou a situação das pessoas com deficiência, em que foram prometidos
estudos e avanços e até agora nada de concreto.
Mas, mesmo nas áreas em que se avançou, há duas injustiças que permanecem e que devem ser
resolvidas.
Há muita gente que, tendo mais de 40 anos de contribuições, como não tinha esses 40 anos no dia em que
fez 60 anos, continua a ter acesso à reforma com um grande corte com o fator de sustentabilidade. Isto não
tem nenhum sentido e, portanto, a única proposta que pode existir é a de acabar com o corte do fator
sustentabilidade, que permanece só para algumas pessoas e cria uma injustiça relativa inexplicável.
Temos também o problema das pessoas que se reformaram entre 2014 e 2018, que tiveram o corte brutal
do fator de sustentabilidade, que, nas mesmas circunstâncias, antes de 2014 não teriam tido e que depois de
2018 também já não o teriam. E é muito difícil explicar, neste País, porque é que alguém que trabalhou 44 ou
46 anos tem o corte do fator de sustentabilidade na sua pensão.