8 DE OUTUBRO DE 2021
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Eu sei! Eu sei!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro: Mudando para algo completamente diferente, gostaria de dizer que, nos últimos três meses, o Governo deu,
aqui, um exemplo da forma como gosta de tratar alguns problemas, que é pegar neles, complicá-los, depois
importar soluções que já provaram que não funcionam, algumas delas há mais de 10 anos, por essa Europa
fora, depois acrescentar umas camadas valentes de burocracia e, no fim, o problema não só não se resolve
como fica pior.
Estou a falar do cartão do adepto. Três meses depois da malfadada portaria e dois meses depois do início
das épocas profissionais de futebol, o que é que vemos nos estádios por esse País fora? Bancadas vazias —
e agora que deixou de haver limite de lotação, isso representa perda de receitas para os clubes, que não
tiveram, propriamente, ano e meio muito fácil —, temos adeptos que, não é por não estarem nessas bancadas
vazias, estão misturados com o resto dos espetadores, piorando o problema que, supostamente, se deveria ter
resolvido; esses estão misturados mas as famílias, se quiserem ir a jogos fora das suas equipas e se, por
acaso, um deles não tiver cartão de adepto, não ficam misturadas mas ficam separadas, e tudo isto no meio
de uma estigmatização, uma discriminação cuja constitucionalidade nem vou para aqui chamar, mas deve
haver alguma, relativamente aos adeptos de futebol que parece serem todos uns bandidos.
Portanto, resultado disto tudo: enorme confusão. Antes, para ir ver um jogo de futebol, era preciso um
bilhete; agora, além do bilhete, é preciso cartão de cidadão, cartão de sócio do clube, cartão da claque e
cartão do adepto. Portanto, o Partido Socialista conseguiu esta coisa fantástica: transformar uma ida a um
estádio de futebol de um prazer para uma coisa tão desagradável como ir à repartição de finanças.
Sr. Primeiro-Ministro, perante este autêntico fiasco, que é a aplicação desta lei, já fizemos a nossa parte,
que é submeter aqui, na Assembleia de República, um projeto de lei de revogação desta iniciativa do cartão do
adepto. Pergunto se o Governo, para acelerar este processo, e já que a época já vai bem a caminho do seu
meio, não quererá também acelerar essa constatação e fazer a revogação de motu proprio.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, confesso que não me sinto em condições de responder, mas fiquei vivamente impressionado com a sua descrição.
Portanto, vou inteirar-me dessa realidade do cartão do adepto. Francamente, não estou em condições de
lhe responder, mas a sua descrição, desta vez, foi tão impressiva que até a mim me parece estar convencido,
e é só isso que me deixa desconfiado,…
Risos.
… isto é, eu estar aqui a ficar convencido, mas pronto!… Não posso também ter aqui este preconceito de
achar que o Sr. Deputado nunca tem razão. Se calhar, é desta vez que tem!… Mas vamos ver. Prometo ir ver.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Srs. Deputados, chegámos assim ao fim deste debate. A Mesa apresenta cumprimentos de despedida ao Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo.
Srs. Deputados, a ordem do dia de amanhã será a seguinte: do ponto 1 consta a discussão da Petição n.º
130/XIV/2.ª (Movimento Assim Não é Escola) — Pela revisão das orientações da DGS para o ano letivo
2020/2021;
Do ponto 2 consta a apreciação conjunta da Petição n.º 129/XIV/2.ª (Ângela Maria Oliveira Galvão e outros)
— COVID-19 — Alargamento licença maternidade para 1 ano a 100% e dos Projetos de Lei n.os 622/XIV/2.ª
(CDS-PP) — Cria a licença parental pré-natal e o subsídio parental pré-natal, procedendo à décima oitava