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8 DE OUTUBRO DE 2021

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sustentabilidade e à exigência de recálculo das pensões que tiveram esses cortes, seja em relação à defesa

do direito à reforma sem penalizações ao fim de 40 anos de descontos.

Uma das lutas que travámos na Assembleia da República, durante quase 20 anos, foi precisamente a do

acesso dos trabalhadores das pedreiras a um regime de reforma antecipada que já existia para os mineiros e,

ao fim de 20 anos a lutar, conseguimos efetivamente que esse direito fosse reconhecido e, até, que o Governo

assumisse o compromisso de eliminar os cortes que tinham sido aplicados às reformas desses trabalhadores

por via da aplicação do fator de sustentabilidade.

O Governo ficou com o compromisso de regulamentar essa decisão até outubro de 2019. Não o fez. Só o

veio a fazer mais tarde, reconhecendo, apenas, o recálculo das pensões a partir de 1 de janeiro de 2020 e

apenas para quem se tivesse reformado depois de 2019.

Tenho aqui uma lista, Sr. Primeiro-Ministro, que faço questão de lhe entregar ainda antes do final do

debate, de 70 trabalhadores das pedreiras, com o número de identificação da segurança social e tudo, para os

processos poderem ser, efetivamente, verificados. São 70 trabalhadores das pedreiras que deviam ter as suas

pensões recalculadas desde janeiro de 2020 e que continuam à espera e a digladiar-se com o Governo para

que esse direito seja efetivamente concretizado, inclusivamente já com queixas feitas à Provedoria de Justiça.

A pergunta que lhe quero fazer, Sr. Primeiro-Ministro, é muito simples: qual é a resposta que o Governo

tem a dar a estes 70 trabalhadores?

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, para já, agradecia que me fizesse chegar a lista para pedir, através da Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a informação

aos serviços sobre o que se passa relativamente a esses 70 trabalhadores.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, de novo, o Sr. Deputado João Oliveira.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a forma pouco efusiva como o PS aplaudiu esta sua resposta julgo que é suficiente para sublinhar a preocupação com que ficamos, porque,

efetivamente é um compromisso assumido, fixado na lei do Orçamento do Estado de 2019, regulamentado

para 2020 e estamos em outubro de 2021 e há, pelo menos, 70 trabalhadores — hão de ser mais, mas estes

foram os que se nos dirigiram— nesta situação, porque, efetivamente, essa resposta não foi assegurada.

Queria voltar a outra questão que já foi referida, há pouco, que tem que ver com a situação que se vive no

hospital de Setúbal e que, naturalmente, é o reflexo de muitas outras dificuldades que se vão vivendo no

Serviço Nacional de Saúde. Queria, sobretudo, sublinhar um aspeto, uma vez que estas dificuldades

continuam a viver-se em resultado do assalto que os grupos económicos continuam a procurar fazer ao

Serviço Nacional de Saúde, procurando atingir essencialmente aquilo que é verdadeiramente nevrálgico: os

seus profissionais.

Uma parte da situação no hospital de Setúbal resolve-se de uma forma mais simples, concretizando aquilo

que ficou inscrito no Orçamento do Estado, nomeadamente o investimento na requalificação do edifício. Julgo

que, em relação a isso, não haverá dificuldades em fazer avançar essa parte da resposta.

Depois, há outra dimensão que já não diz só respeito à saúde, mas a todas as áreas da Administração

Pública, sobre a qual queria questionar o Sr. Primeiro-Ministro. Essa dimensão tem que ver com o caráter

absolutamente indispensável, essencial e inadiável da valorização dos profissionais, dos seus salários e das

suas carreiras.

Não há serviços públicos que estejam em condições de dar resposta às necessidades dos portugueses se

não tiverem profissionais valorizados nas suas condições de trabalho, nos seus salários, nas suas carreiras.