I SÉRIE — NÚMERO 9
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A Sr.ª Ofélia Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, queria saudar os mais de 25 000 peticionários que assinaram esta petição e que
provocaram esta discussão.
Esta prova de participação e de interesse cívico em provocar uma discussão sobre qualquer tema, em
particular sobre este, que se revela da maior importância, merece uma especial saudação.
A par desta petição discutimos hoje seis projetos de lei e um projeto de resolução, todos eles com o
propósito de reforçar as medidas de proteção na parentalidade. É certo que não será hoje que irão acabar as
divergências políticas que separam as várias bancadas e os vários partidos com assento neste Parlamento,
antes pelo contrário, mas o debate merecerá, com certeza, um largo consenso quanto ao desígnio nacional
que é a necessidade de remover obstáculos à natalidade, à decisão de as famílias portuguesas terem filhos e
de construírem o futuro do País.
O reforço da proteção na parentalidade através de medidas que promovam mais e melhor proteção às
famílias, inclusivamente às famílias monoparentais e àquelas constituídas por via da adoção, bem como de
medidas que promovam uma parentalidade mais equilibrada entre homens e mulheres, é, sem dúvida, um
forte instrumento das políticas públicas de promoção da natalidade e de combate às desigualdades de género.
Nestas matérias, o Partido Social Democrata tem e sempre teve uma posição bastante clara. Em tudo o
que tenha que ver com aspetos da família, da natalidade, da conciliação da vida familiar com a vida
profissional o Partido Social Democrata sempre esteve e estará disponível para promover alterações à
legislação, com vista a apoiar mais e melhor as famílias, os pais e as mães que decidam ter filhos. Estamos e
sempre estivemos do lado desses pais.
Entendemos que o reforço da parentalidade deve ser feito numa perspetiva de partilha de tarefas na família
e na sociedade, tendo como objetivo final a igual responsabilização do pai e da mãe. Nesse sentido,
entendemos que devem ser consagrados direitos do pai e da mãe de forma autónoma e equilibrada, numa
perspetiva de complementaridade, no sentido da igualdade entre homens e mulheres em todos os domínios da
vida em sociedade.
Neste contexto, a lei deve servir para potenciar uma alteração de mentalidades, por forma a regular
discriminações históricas assentes em papéis de género totalmente estereotipados e que são penalizadores
para todos nós. Isto, sempre numa perspetiva de reduzir os espartilhos e as pressões, tanto sociais como do
mercado laboral.
Quanto ao projeto de lei da iniciativa da Deputada não inscrita Cristina Rodrigues, que visa reforçar a
proteção dos advogados em caso de parentalidade, introduzindo alterações ao Código de Processo Civil e ao
Código de Processo Penal, pese embora esta iniciativa seja de louvar, na medida em que pretende reforçar
direitos a profissionais particularmente desprotegidos, não podemos deixar de destacar dois aspetos que
consideramos relevantes: um, esta iniciativa padece de erros crassos, designadamente em matéria de
processo penal; o outro prende-se com a preocupação de saber se o regime proposto de suspensão da
instância é compatível com a preocupação constante sempre que há debates sobre a justiça, nomeadamente
com a celeridade e o combate à morosidade na justiça.
Dito isto, caso este projeto seja aprovado na generalidade ou baixe à comissão sem votação, estes aspetos
devem ser considerados e ponderados — e poderão, seguramente, sê-lo! — em sede de especialidade, com a
intervenção de todos os grupos parlamentares.
No entanto, importa destacar todas estas matérias, que, pela importância que têm, merecem um amplo
debate e um amplo consenso. Foi assim no passado e terá de ser assim no futuro.
Tendo em conta que o reforço das medidas de proteção na parentalidade tem impactos na economia,
merece que haja uma discussão séria e ampla, bem como um amplo consenso que deve ir além do consenso
parlamentar, um consenso que deve ser alcançado em sede de concertação social.
Sabendo nós que, atualmente, estas matérias estão a ser discutidas em sede de concertação social entre o
Governo, os trabalhadores e as entidades empregadoras, quaisquer iniciativas que procedam a alterações
profundas ao regime da parentalidade representam, do nosso ponto de vista, uma desconsideração à
concertação social.
Vozes do PSD: — Muito bem!