15 DE OUTUBRO DE 2021
25
está a acontecer. Se há décadas tivesse existido este cuidado, hoje não estaríamos perante este problema, com
prorrogações sucessivas.
Mas é importante perceber que se esta história existe há muito tempo — e aqui quero saudar também o
papel das autarquias de todo o País e não somente o da Assembleia da República e do Governo, que,
independentemente da sua cor política, têm feito um esforço muito grande de envolvimento, e de envolvimento
de parceiros muito diferentes —, em nome da equidade e justiça social, é também importante dizer que se o
exemplo que o Sr. Deputado do PAN utilizou anteriormente é verdadeiro, e não há como escondê-lo, é preciso
também destacar a heterogeneidade que estas situações envolvem, porque não estamos apenas a agir para
pessoas que estão em carência — e essas preocupam-nos sobremaneira —, estamos também a agir para
pessoas que, na ausência de um contexto jurídico, na ausência de legislação própria, construíram a sua
habitação e, como é evidente, temos também de agir na salvaguarda dessas pessoas.
Não estamos aqui para branquear as necessidades que existem, mas também não podemos estar a ignorar
que esta heterogeneidade, até do ponto de vista da origem socioeconómica destes problemas, é relevante para
todos nós.
A este propósito é importante dizer, que para além das questões que têm que ver com as localizações, e que
acabam por concorrer para esta heterogeneidade de que falava, elas criam, também, algumas impossibilidades.
É verdade o que aqui foi dito e a Academia já muitas vezes se debruçou sobre isto, mas há uma questão que,
com toda a franqueza, devemos colocar — e o tom, aliás, deste debate é bastante pedagógico —, que é o
porquê de tantos anos. E o porquê de tantos anos tem também que ver com algumas limitações que colidem
com as nossas preocupações ambientais, com as nossas preocupações de segurança, que colidem com a falta
de infraestruturação que acaba por onerar estas famílias, algumas delas, como já aqui tive oportunidade de
dizer, com dificuldades.
As infraestruturas têm tido, por parte das autarquias, um grande investimento, mas obviamente que os
governos e a Assembleia da República têm também de fazer o seu papel, não só sendo parceiros como,
nomeadamente, modernizando a legislação.
E aquilo que nos parece de extrema relevância tem a ver com o seguinte: os projetos de lei hoje apresentados
versam sobre matérias diferentes, que vão dos prazos às unidades de execução, ou, na formulação do PAN,
coisas mais relacionadas com a informação, formação e monitorização, sendo todas elas relevantes. E se existe
um consenso no sentido de podermos trabalhar na resolução do problema e no apressar desta solução, que
assim seja, que se trabalhe, sendo evidente para nós que a complexidade do próprio tema levará a que nenhuma
lei consiga resolver no imediato esta problemática.
Mas, ainda assim, queria dizer que não podemos ficar só pela prorrogação dos prazos e temos mesmo uma
oportunidade de melhorar a legislação. O Grupo Parlamentar do Partido Socialista estará disponível, consciente
das dificuldades que foram apresentadas, o que, aliás, nos parece transversal a todas as forças políticas e me
permite, sem desrespeito por nenhuma das outras discussões, dizer da enorme seriedade intelectual que pautou
todas as intervenções, porque este, de facto, não é um dossiê simples e quem tem poder local, como é o caso
da CDU, do PCP, de Os Verdes, do PS, do PSD e também do CDS sabe o que isto é na prática.
Portanto, finalizo com esta ideia: não só existe um consenso relativamente à questão da prorrogação dos
prazos para fazer face a uma questão concreta e de curto prazo como também existe a necessidade de
aprimorar a legislação, coisa que o Grupo Parlamentar do Partido socialista estará disponível para fazer noutra
sede. Sobretudo — e finalizo com uma ideia também já aqui foi plasmada —, o importante é mesmo resolver os
problemas das pessoas, percebendo também que o contexto destas pessoas não é todo o mesmo e que
algumas carecem, de facto, de uma atenção especial e, para isso, a política de habitação que temos seguido é
também fundamental.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Morais Soares, do CDS.
Faça favor, Sr. Deputado.