I SÉRIE — NÚMERO 15
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Ou na condição de recursos do subsídio social de desemprego? O subsídio social de desemprego chega
hoje a pouco mais de 2% do universo dos desempregados. É muito pouco.
E é muito pouco porque as regras de cálculo para a condição de recursos para o subsídio social de
desemprego fazem com que haja muitas pessoas que precisam do subsídio social de desemprego e que estão
excluídas.
Foram por isso criadas prestações extraordinárias que, aliás, já não existem, porque foram descontinuadas
e também não estão no Orçamento do Estado.
São estas alterações estruturais, é esta reversão de cortes que é preciso fazer.
Sobre isto, neste caso, o Partido Socialista vai votar ao lado da direita, para defender o património da
troica.
Risos do CDS-PP e do CH.
Estamos contra as medidas da troica.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Helga Correia, do PSD.
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queria dizer que o PSD não acompanhou, na especialidade, estas duas propostas, como não as vai acompanhar aqui em Plenário.
Reafirmamos aquilo que dissemos ao longo desta discussão. Não quero com isto dizer que não estejamos
solidários com todas aquelas pessoas que sofreram gravemente com esta crise, que sofreram quando os
apoios não chegaram a tempo para acudir àquelas situações. No entanto, estamos em crer que esses
trabalhadores, além de valorizarem a questão dos apoios sociais, do subsídio de desemprego a que podem vir
a ter direito no caso de serem despedidos, valorizam certamente muito mais a criação de postos de trabalho e
valorizam muito mais não haver perdas de empregos.
Nesse sentido, cabe ao Governo criar as soluções adequadas para termos a manutenção dos postos de
trabalho, termos mais e melhor emprego, no sentido de que essas pessoas não sejam colocadas
consecutivamente no desemprego.
Estamos, neste momento, a discutir o Orçamento do Estado para 2022. É este o momento de o Bloco de
Esquerda e o PCP introduzirem alterações ao Orçamento do Estado nesse sentido, de fazerem acordos com o
PS — como aqueles que temos visto serem feitos na Agenda do Trabalho Digno e de Valorização dos Jovens
no Mercado de Trabalho — e de acautelarem estas situações, para que, futuramente, essas pessoas não
tenham de recorrer ao subsídio de desemprego.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, perguntava o Sr. Deputado José Soeiro «mas porque é que o PS vai votar ao lado da direita?». É muito simples, Sr. Deputado: é que foi o PS que
negociou com a troica os cortes que estão hoje em vigor. Portanto, como é que o PS pode vir hoje dizer que
vai votar diferente quando foi ele o responsável pelo que está hoje aqui?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Capaz disso é o PS!
O Sr. André Ventura (CH): — É essa a razão. A outra razão é simples: é que o PS gosta de vos dizer uma coisa ou duas e de fazer outra completamente
diferente para vocês aprovarem o Orçamento do Estado.