O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

23 DE OUTUBRO DE 2021

73

Ouvimos os alertas e as preocupações, que os representantes dos profissionais das diferentes carreiras do

SEF manifestaram nas reuniões e nas audições, e também tivemos em conta os pareceres emitidos por várias

entidades no âmbito da consulta pública do projeto.

Tivemos em conta todos estes contributos e apresentámos normas que estabelecem os princípios que

devem orientar o processo de transferência dos trabalhadores e das trabalhadoras do SEF para as forças de

segurança (GNR, PSP e PJ), para a Agência para as Migrações e Asilo e para o Instituto dos Registos e

Notariado.

Uma das nossas prioridades foi assegurar que sejam respeitados a categoria, a antiguidade e o índice

remuneratório e que sejam tidos em conta os conteúdos funcionais e a natureza das funções exercidas

anteriormente.

A aprovação destas medidas representa uma clarificação do processo. Contudo, sabemos que ainda há

muito por fazer. É por isso necessário, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, acompanhar atentamente o

processo, assegurando que é garantida a audição dos interessados e a negociação coletiva na transferência

dos trabalhadores e das trabalhadoras. Assim, conseguiremos garantir segurança nas duas dimensões que

são fundamentais neste processo.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado André Coelho Lima, do PSD.

O Sr. André Coelho Lima (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, este é um mau dia para a República e para a organização do Estado, em que uma matéria de soberania é tratada com uma ligeireza e

uma leviandade chocantes.

Esta é uma matéria que, por muito que se queira negar, está completamente «pendurada» nos infelizes e

inacreditáveis eventos acontecidos com o cidadão ucraniano Ihor Homenyuk, mas que não poderia conduzir à

desorganização que, no Sistema de Segurança Interna (SSI), para aqui nos trouxe.

A verdade é que o Governo disse — e disse-o aqui o Sr. Ministro da Administração Interna — que estava a

cumprir o Programa do Governo. Isso era verdade na altura, mas não é verdade hoje. O que dizia o Programa

do Governo, muitas vezes citado, era que se propunha o Partido Socialista e, depois, o Governo fazer uma

separação orgânica entre funções policiais e funções administrativas. Tal como já foi dito, todos os partidos e

todas as entidades, sindicais e outras, são favoráveis à separação orgânica entre funções policiais e funções

administrativas. Tal como disse o PSD, em devido tempo, somos inclusivamente favoráveis a que essa

separação orgânica seja transversal a todo o Sistema de Segurança Interna e não apenas situada numa força

policial, numa força em serviço de segurança.

Mas a verdade é que o que começou como sendo aquilo que o Governo designou como «a reforma do

SEF», tal como sempre dissemos, acabou por ser o desmantelamento e a extinção do SEF. Tal como sempre

dissemos, as funções administrativas entraram aqui, no Parlamento, como sendo transferidas para um serviço

de segurança, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e saem daqui para uma nova entidade, que é a Agência

Portuguesa para as Migrações e Asilo. Em semana e meia, aquilo que entrou aqui de uma determinada forma,

sai de forma completamente diferente, numa alteração que é feita de supetão, sem a devida ponderação, sem

a consciência de que estamos a mexer em matéria da maior importância. E, pior, é feita com preconceito,

como ainda agora ouvimos da parte da Sr.ª Deputada Beatriz Gomes Dias.

Protestos da Deputada do BE Beatriz Gomes Dias.

É porque é uma polícia contra estrangeiros, dizem. Mas estão a ignorar que é uma polícia que defende

estrangeiros, é uma polícia que defende imigrantes, que os protege do tráfico de seres humanos. As polícias

existem para proteger e não para perseguir.

Este preconceito está a cegar-vos e está a dar cabo da organização do Estado numa matéria de soberania,

na qual deveria haver o maior sentido de responsabilidade.

E nisto — e termino, Sr. Presidente — o PSD está confortável, porque teve a postura que se exige nesta

matéria: apresentou uma proposta alternativa, uma proposta que transformava o SEF de serviço de segurança