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28 DE OUTUBRO DE 2021

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que vamos mudar o rumo do nosso caminho. (…) continuaremos a avançar (…) para ir mais longe no trilho que

iniciámos e sem nunca dar um passo maior do que a perna.»

Hoje, este Primeiro-Ministro e este Governo honram o compromisso então firmado, apresentando um

Orçamento que vai mais longe do que todos os Orçamentos do Estado anteriores, o que faz deste o mais à

esquerda de todos os Orçamentos que até hoje apresentou.

Aplausos do PS.

O insuspeito de quaisquer simpatias socialistas, o jornal inglês Financial Times, na sua edição on-line de

ontem, referia-se a este Orçamento como, e cito: «o mais à esquerda na história recente de Portugal».

Não há, pois, como negar aquilo que se impõe como uma evidência: este Orçamento propõe ou consagra o

maior investimento de sempre no Serviço Nacional de Saúde, o maior aumento de sempre do investimento

público, o maior aumento de sempre do salário mínimo nacional, um aumento de 40 € para 705 €, a gratuitidade

progressiva das creches, o aumento generalizado dos vencimentos da função pública que, somado a

progressões, promoções e revisões de carreiras, impactará em cerca de 3% na massa salarial do Estado, o

aumento extraordinário de pensões, o aumento do abono de família, o aumento do designado «mínimo de

existência», o aumento do rendimento disponível das famílias, em especial das classes médias, com

desdobramento de escalões e maior progressividade e justiça fiscal.

Importa, porém, sublinhar que este Orçamento, à semelhança dos que o precederam, mantém aquele que

tem sido, porventura, o maior mérito de todos os Orçamentos dos Governos do PS liderados por António Costa:

a permanente construção de um equilíbrio responsável.

Aplausos do PS.

Um equilíbrio responsável entre melhoria contínua de rendimentos e confiança promotora de investimento.

Um equilíbrio responsável entre o robustecimento dos serviços públicos e a diminuição da dívida pública. Um

equilíbrio responsável, em suma, entre mais justiça social e contas certas.

Aplausos do PS.

Sem nunca dar um passo maior do que a perna, este Orçamento assume o compromisso de, desde já,

retomar a trajetória — compreensivelmente interrompida pelo combate à pandemia — de redução do

desequilíbrio orçamental, propondo-se continuar a reduzir a dívida pública e o défice, em conformidade com as

regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento a que, muito brevemente voltaremos a estar integralmente

vinculados e que nunca poderíamos, desse modo, ignorar.

Não dá, pois, um passo maior do que a perna, consciente que está — e não poderia deixar de estar — da

importância de finanças públicas sãs para o financiamento da República e a sustentabilidade do nosso

crescimento.

E é sobre crescimento que o questiono, Sr. Ministro de Estado e das Finanças: o Orçamento para 2022 prevê

um crescimento de 5,5% do PIB com dois riscos orçamentais, como refere o Conselho das Finanças Públicas.

Um — o da evolução da situação pandémica — apresenta-se interligado com outras economias e,

consabidamente, não depende exclusivamente de nós.

O outro — o da execução do PRR —, esse, depende de nós e depende, nomeadamente, da inexistência de

atrasos na aprovação de um Orçamento do Estado que possa comprometer a sua execução tempestiva.

O que lhe pergunto, Sr. Ministro de Estado e das Finanças, é em que grau, para além do comprometimento

de todas as demais medidas progressistas previstas no Orçamento do Estado — e falo dos aumentos das

pensões, dos salários, dos abonos, do desdobramento de escalões, etc. — uma eventual reprovação do

Orçamento do Estado poderá prejudicar o crescimento previsto da nossa economia e emprego para 2022?

Ninguém compreenderá a não aprovação deste Orçamento do Estado. E ninguém compreenderá,

nomeadamente, que a esquerda à esquerda do PS possa querer juntar os seus votos aos votos da direita para

chumbar aquele que é o Orçamento mais à esquerda que o Governo do PS apresentou até hoje ao País.