11 DE NOVEMBRO DE 2021
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as margens de lucro das empresas petrolíferas — o Governo, segundo temos conhecimento, acabou por nunca
utilizar a lei que aprovou aqui e que já era muito mitigada —, mas, também, para responder à necessidade de
assegurar preços justos, estáveis para a economia e para as famílias, através de mecanismos de formação de
preços, proposta essa que também foi rejeitada.
Lembramos novamente que os dados demonstram que é mais por causa das elevadas margens do que por
qualquer outro fator que os preços têm subido da forma que temos visto, um fenómeno explicado pela elevada
concentração no setor. Por isso mesmo, o controlo de preços seria a medida mais eficaz para termos limites aos
aumentos brutais que temos vindo a sofrer nos últimos meses, que favorecem um mercado especulativo e que
tem prejudicado, ainda para mais neste momento de crise, famílias e empresas, nomeadamente empresas do
setor dos transportes, em particular do setor dos transportes rodoviários de passageiros, e muitas micro e
pequenas empresas deste setor têm continuado a queixar-se.
Sabemos também que, na opinião dos representantes destes setores, as medidas que agora o Governo
apresenta, podendo ser importantes por terem um impacto imediato, apesar de temporário, não são suficientes.
Falamos ainda de outros setores que continuam sem resposta. Tem chegado ao Governo, com certeza, como
chega ao Parlamento, a notícia de que o setor dos reboques, as escolas de condução, alguns veículos de
emergência continuam a ter muita dificuldade em responder a este aumento de preço de combustível para a sua
atividade normal.
Portanto, achamos que é importante reforçar que o Governo tem necessariamente de olhar para as medidas
que o Bloco de Esquerda já apresentou aqui e pelas quais continua a bater-se. Sem mexer na fixação dos preços
e nos mecanismos de fixação dos preços de combustíveis, não estaremos a responder de forma eficaz e a longo
prazo a este problema, que se manterá. Não será apenas com medidas mitigatórias ou com medidas como as
que o Governo tem apresentado que iremos chegar a bom porto.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Anastácio, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: Todos temos a noção de que o aumento do custo dos combustíveis, particularmente do petróleo, nos mercados
internacionais, lançou uma imprevisibilidade nos mercados e materializou-se, à escala global, precisamente num
aumento muito significativo do custo dos combustíveis, com significativo impacto na economia e na vida dos
cidadãos.
O Governo português, cumpre aqui salientar, foi o primeiro, a nível europeu, a tomar medidas para minimizar
os impactos do agravamento do custo dos combustíveis.
A proposta de lei que o Sr. Secretário de Estado, hoje, já teve oportunidade de apresentar insere-se
precisamente num pacote muito mais robusto de medidas que extravasam claramente esta proposta de lei e
que se destinam a mitigar estes efeitos, particularmente, no caso concreto, no setor dos transportes rodoviários.
O objetivo da proposta é mitigar, como disse, os efeitos adversos do aumento do preço dos combustíveis
nas estruturas de empresas do setor de transporte de mercadorias por conta de outrem. Portanto, a medida em
concreto é a redução do imposto único de circulação em 50%, reduzindo o encargo fiscal que é, de facto, muito
relevante para aquelas empresas.
Adicionalmente, tendo em consideração a caducidade do benefício fiscal previsto no artigo 70.º do Estatuto
dos Benefícios Fiscais, que seria em dezembro de 2021, também há uma proposta para fazer a prorrogação
deste mecanismo. Este prevê uma majoração, em sede de IRC, destes custos, em 2026, no caso concreto para
o custo de combustível nas empresas com transportes públicos de passageiros, nos veículos afetos ao
transporte rodoviário de mercadorias e também nos veículos afetos ao transporte de táxis. Portanto, o objetivo,
como disse, é mitigar estes custos e responder também às empresas nestes setores particularmente atingidos.
Esta é uma importante medida, mas, como disse há pouco, tem de ser vista num quadro mais geral e mais
global. Queria salientar precisamente que este pacote global — e hoje já foram minimizados a sua importância
e o seu valor — ascende a mais de 300 milhões de euros e, por isso, vamos pôr as coisas na sua devida
dimensão.
Já aqui foi referido, mas não podemos deixar de salientar, o ganho extra com o IVA pelo aumento do preço
final, que teve um impacto na redução de 0,2 € e de 01 €, respetivamente na gasolina e no gasóleo, com uma