11 DE NOVEMBRO DE 2021
21
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra para uma intervenção o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado: Acho que convinha que o Governo começasse por se entender a si próprio. Disse o Sr. Secretário de Estado João Galamba o seguinte: «Quando
o preço do petróleo subir, vamos baixar os impostos sobre os combustíveis». Disse também o Sr. Secretário de
Estado António Mendonça Mendes que iria baixar o ISP em 0,2 € e que isso estaria em vigor até ao final do ano.
Porém, o Sr. Ministro Siza Vieira disse o seguinte: «Não creio que baixar impostos sobre os combustíveis seja
a solução para o problema do combustível». E o Sr. Ministro Pedro Nuno Santos ainda nos disse que é uma
visão pequena de política económica achar que é baixando os impostos que resolveremos esta questão.
Portanto, o Chega começava por aconselhar ao Governo que se entendesse. Já que não se entendem com
os seus parceiros, ao menos que se entendam dentro do Governo sobre o que querem fazer em relação ao IUC,
ao adicional de imposto e ao ISP. Esta seria uma medida básica de política fiscal.
Depois, Sr. Secretário de Estado, ninguém pode esconder que isto é pura propaganda. Tal como disse o Sr.
Deputado Alexandre Poço, só falta uma parceria com um supermercado ou com bombas de gasolina locais. É
o «IVAucher», é metade do IUC, são dois terços do imposto de não sei quê… Lá fora, ninguém percebe porque
é que o Governo não acaba com o adicional, que foi o Governo que criou. É tão simples como isto: acabar com
o adicional!
Sr. Secretário de Estado, tem um bom exemplo. Sabe qual é? É a Madeira. A Madeira conseguiu reduzir,
efetivamente, para os madeirenses os custos sobre o combustível e o Governo deveria seguir o mesmo exemplo
em vez de vir ao Parlamento fazer manobras de maquilhagem, por estarmos a 70 dias das eleições, fingindo
que faz alguma coisa. Era isso que deveria fazer e era isso que os eleitores esperavam do Governo, que desse
um sinal de que temos a quinta gasolina mais cara da Europa e de que não podemos continuar a ter estes
preços em Portugal.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção pelo Grupo Parlamentar do PCP, o Sr. Deputado Duarte Alves.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: A proposta em apreço é apresentada pelo Governo como uma medida de resposta ao aumento do preço dos combustíveis,
criando uma redução fiscal de 50%, em sede de IUC, aos automóveis da categoria D, ou seja, aos automóveis
afetos ao transporte público de mercadorias, e prolongando no tempo benefícios fiscais já existentes.
Falando destas medidas em concreto, podemos, desde já, identificar o seu alcance profundamente limitado,
não só pelo impacto concreto, que é diminuto para a maioria das empresas, como pela injusta exclusão que
coloca, à partida, a vários sectores.
Além da situação grave e dos problemas concretos das empresas de transportes, pergunta-se: mas, então,
as mesmas razões, os mesmos critérios que justificam esta medida não justificam que ela seja também aplicada
a outras áreas de atividade? Em alguns casos, até, por maioria de razão!
Veja-se o caso de setores como o dos reboques de pronto-socorro ou das escolas de condução, em que a
fatura dos combustíveis assume um peso avassalador nos custos operacionais e onde a escalada dos preços
trouxe problemas não menos gritantes, com a agravante de não terem, ainda hoje, acesso a um conjunto de
medidas de apoio que lhes fazem falta.
Estes setores — tal como o conjunto das micro, pequenas e médias empresas de setores produtivos, do
comércio, dos serviços ou da restauração — ficam completamente arredados do acesso a este apoio que o
Governo propõe, porque os veículos que utilizam não estão abrangidos. O apoio, em si, não é injusto, o que é
injusta é a exclusão destas empresas.
Por outro lado, não podemos deixar de lamentar a falta de uma resposta mais robusta e com efeitos práticos
no que diz respeito ao preço dos combustíveis, contrariando os aumentos especulativos dos últimos meses, que
pesam sobre as micro, pequenas e médias empresas e sobre os consumidores domésticos, agravando em geral
a situação económica do País.