I SÉRIE — NÚMERO 30
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Primeiro, sobre a situação nas fronteiras da Bielorrússia — não só com a Polónia, mas também nas
fronteiras com a Letónia e com a Lituânia —, onde há migrantes cuja entrada na Bielorrússia foi facilitada,
propositadamente, para causar problemas dentro da União Europeia, a pergunta que lhe faço é se, neste
Conselho Europeu, o Governo português vai estar claramente ao lado dos Governos polaco, letónio e lituano,
no sentido do reforço da segurança das suas fronteiras e da melhoria dos processos de controlo,
inclusivamente permitindo o financiamento dessas soluções.
A segunda questão, que é um misto de geopolítica e de política energética, é a seguinte: qual a posição do
Governo português — já perguntei isto aqui, pelo menos uma vez, e não obtive resposta — relativamente à
entrada em linha do gasoduto Nord Stream 2?
Aproveitando a entrada em funções do chanceler da família da Deputada Edite Estrela — como se a
Chanceler Merkel tivesse sido pouco amiga de Portugal —,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exato!
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — … recordo que a entrada em funcionamento do Nord Stream 2 também não é consensual na própria Alemanha e causa, além de outros problemas, dependência energética
relativamente à Rússia e desvalorização da importância estratégica de Sines. Portanto, gostava de saber qual
é a posição que o Governo português vai assumir relativamente a essa importante matéria.
Finalmente, quero falar de COVID. Tivemos nos últimos dias posições conflituantes entre a Presidente da
Comissão, Ursula von der Leyen, que defendeu, não sei se na qualidade de Presidente da Comissão se na
qualidade de cidadã alemã, a consideração da vacinação obrigatória, e a Alta Comissária da ONU
(Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que defendeu que seria
inadmissível haver obrigatoriedade de vacinação.
Assim, a pergunta é: qual a posição que o Governo português vai assumir no Conselho Europeu? Assumirá
uma ou outra? A nossa é conhecida: somos frontalmente contra a vacinação obrigatória.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Num País com 85% de pessoas vacinadas, faz mesmo sentido falar da questão da obrigatoriedade?!
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Não resisto, Sr. Primeiro-Ministro, já que está aqui à minha frente, a perguntar-lhe se vai ou não dar instruções à DGS (Direção-Geral da Saúde) para tornar públicos os
pareceres secretos que estiveram na base da orientação da DGS para vacinar os menores dos 5 aos 11 anos.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para encerrar o debate em nome do Governo, o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, vou tentar conter nos 7 minutos de que disponho a resposta às cinco questões que transversalmente foram colocadas.
Em primeiro lugar, relativamente à vacinação, entendemos que não deve haver vacinação obrigatória no
nosso País. É uma questão que em Portugal, felizmente, não faz nenhum sentido. Se noutros países a
questão se coloca, será um debate interno desses países. Não faz sentido que haja uma decisão europeia que
abranja países como o nosso, onde, felizmente, sem qualquer obrigação, temos conseguido atingir a
vacinação praticamente universal.
Outra dimensão fundamental é, como sempre temos dito, a de que é inadiável assegurar a vacinação a
nível global, que nada tem a ver com o debate sobre patentes, porque a restrição não está nas patentes.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Claro!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se vigora um regime internacional de licenças obrigatórias, o bloqueio está na produção e o que temos de assegurar é um aumento da capacidade de produção.
Foi por isso que a União Europeia tomou uma decisão, muito importante, de apoiar com 1000 milhões de
euros a construção da nova unidade produtiva na África do Sul, de forma a produzir para o conjunto do