I SÉRIE — NÚMERO 34
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Este ato de agressão militar contra um país soberano é de tal gravidade que viola as mais elementares regras
do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, sendo, também, um evidente ataque aos direitos
humanos e à liberdade do povo ucraniano, um atentado aos princípios da ordem e da paz mundial. É mesmo
um ataque à democracia e a todos os democratas!
Aplausos do PS.
Este ato de agressão militar, planeado e deliberado, bem como o reconhecimento da chamada
«independência das regiões separatistas», são claras violações da integridade territorial e da soberania da
Ucrânia, à qual manifestamos, mais uma vez, a nossa solidariedade.
O Sr. Ministro disse há pouco, e nós estamos de acordo, que, hoje, somos todos ucranianos, porque, hoje,
estamos todos a defender a liberdade e a democracia.
Hoje, sabemos que o alvo de Putin vai muito mais além das fronteiras ucranianas. Sabemos que o alvo é,
como já há tantos anos, a paz, a estabilidade e a segurança na Europa. É a democracia e a liberdade que Putin
não vê como aliadas, mas como ameaças ao seu poder autocrático e ao seu sonho do regresso ao império
russo ou soviético.
Como democratas, afirmamos todos que é intolerável o que aconteceu esta noite e o que está a acontecer.
Como defensores do direito internacional, temos mesmo de dizer que, sim, há culpados, sim, há um rosto desse
culpado, e esse culpado chama-se Vladimir Putin.
Perante estes acontecimentos trágicos que, repito, resultam das manobras políticas internas de consolidação
de poder e de uma visão ultrapassada de áreas estratégicas de influência, que não podem ter lugar num mundo
que se quer aberto, de diálogo e de cooperação, não podemos perder de vista os principais afetados por este
ato de agressão.
Juntamos, por isso, a voz deste Grupo Parlamentar à voz do Governo e à voz de todos quantos não só
pedem uma condenação desta agressão, como exigem a retirada urgente das tropas russas da Ucrânia.
Juntamos a nossa voz a todos os que esperam ainda que seja possível uma solução diplomática de dissuasão
do caminho que a Rússia de Putin teima em escolher.
Hoje, mais do que ontem, é fundamental a união de todos os aliados — não esqueçamos, de todos os aliados
— na condenação inequívoca destes acontecimentos e na aplicação de sanções, como o Sr. Ministro disse,
fortes e muito fortes, perante o que está a acontecer.
As Nações Unidas, a União Europeia, a NATO, todos condenaram veementemente a decisão e, felizmente,
este Parlamento também o está a fazer. É fundamental que esta união se mantenha e também é fulcral o reforço
da segurança do flanco leste da NATO e do seu poder de dissuasão, reforço para o qual Portugal tem o dever
de contribuir.
É esta união e esta resposta coordenada que tem de prevalecer, a bem dos ucranianos, a bem da
democracia, a bem dos princípios da ordem internacional.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, não coloco nenhuma questão. Quero, em primeiro lugar,
saudar o Governo português por, mais uma vez, continuarmos a ser um País humanista, um País que integra,
um País que recebe e receberá todos quantos fogem desta guerra e deste ato bárbaro. Quero, em segundo
lugar, saudar a decisão do Governo português de pedir às nossas embaixadas que passem os vistos sem
reservas àqueles que procuram a paz, a liberdade e a democracia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, agradeço as palavras da Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendes. Permita-me, pois, dois comentários, ou dois desenvolvimentos, sendo que o
primeiro para ser totalmente claro sobre o que é condenável e inaceitável nesta situação.
A Rússia tem todo o direito de exprimir a sua divergência sobre a existência da Aliança Atlântica, tem todo o
direito de exprimir a sua divergência sobre a composição da Aliança Atlântica e tem todo o direito de exprimir a
sua divergência sobre as missões e os objetivos da Aliança Atlântica.