I SÉRIE — NÚMERO 37
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O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Chamo a atenção para o tempo usado, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Vou concluir, Sr. Presidente. Como estava a dizer, um outro aspeto de que soubemos, ainda na semana passada, foi o de que a Comissão
Nacional de Eleições veio dar instruções a dizer que devem ser aceites os votos, mesmo que tenham carimbo
postal posterior ao dia 12 de março. São informações opostas ao que está no Portal do Eleitor e àquelas que
tinham sido dadas anteriormente, dando azo a mais uma eventual impugnação. Porquê? Não sabemos, Sr.ª
Ministra.
Por isso lhe digo que há responsabilidades do Governo e há muito a aprender com este processo.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Ministra, tem a palavra, para responder.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Cotrim de Figueiredo, acho que não basta afirmar que há responsabilidades do Governo, é preciso fazer a demonstração. E V. Ex.ª, infelizmente,
não a fez. Disse várias coisas, falou dos assuntos mais avulsos, desde a votação eletrónica à posição que eu
tinha ou não sobre a votação, à questão da avaliação feita sobre o relatório de 2019, às ações que,
eventualmente, foram praticadas ou não… Como disse há pouco, não tive tempo, mas tenho aqui o documento
a explicar tudo aquilo que foi feito desde 2019, ou seja, tem havido um processo de aprendizagem contínuo e
de procura efetiva. E, aqui, estou a ser completamente genuína. Estou no Ministério da Administração Interna
por um período absolutamente transitório, estou a trabalhar com pessoas que nunca antes tinha visto, que não
conhecia e que fizeram um trabalho extraordinário.
Aplausos do PS.
E o que me custa é chegar aqui, ao Parlamento, e por razões meramente de tática política ouvir as maiores
críticas a estas pessoas. Isto não pode ser, Sr. Deputado, não pode ser! Tem de se deixar disto!
Protestos do IL.
Podem fazer as críticas que quiserem, mas procurem ser justos, procurem ser minimamente objetivos.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Então, está tudo bem?
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Ninguém disse que estava tudo bem! Nem nunca ninguém dirá que está tudo bem! Aquilo que digo é que, no fundamento da minha chamada a este Parlamento — e os
senhores sabem qual foi —, o Governo está absolutamente de fora, o Governo não tem nada, rigorosamente
nada, a ver com as razões que determinaram a repetição da votação no círculo eleitoral da Europa.
Aplausos do PS.
E, portanto, nessa perspetiva, não vejo como pode dizer-me que não retiro responsabilidades. É óbvio que
retiro responsabilidades, quando digo que há, seguramente, fatores a melhorar, há elementos em que se pode
melhorar. Mas, relativamente a este imbróglio que resultou na decisão do Tribunal Constitucional, pelo amor de
Deus, resolvam-se! O Sr. Deputado esteve nos acordos, ou alguém em sua representação, portanto, talvez seja
melhor conversarem entre vós…
Aplausos do PS.
… para assumirem as responsabilidades, em vez de as atirarem para o Governo.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem, agora, a palavra, para formular as suas perguntas, o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, do Partido Socialista.