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I SÉRIE — NÚMERO 119

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manchados na história do País e perderão o respeito do povo. O principal risco para a nossa democracia é aceitarmos a intimidação e a dominação da agenda pelos autoritários.

Por isso, tratemos de desconjurar esse risco, agora e hoje e sempre. Esta tarde, estarão na Avenida da Liberdade, certamente com menos atenção mediática, muitos mais milhares de defensores da democracia do 25 de Abril do que o número de seus inimigos no nosso País. Haverá sempre mais portugueses a defender a liberdade do que a defender o autoritarismo.

Saibamos confiar no nosso povo. Saibamos confiar nos nossos democratas, que conquistaram a democracia a duras penas e que são muito mais do que os seus inimigos. Saibamos dar-lhes confiança e receber a confiança deles.

Tenho o orgulho de pertencer a um povo — de pertencermos a um povo — que dirá sempre que for necessário: «25 de Abril sempre! Não voltarão!»

Aplausos do PS, de pé, do BE, do PAN, de Deputados do PSD e do Deputado do PCP Manuel Loff. O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome do PAN, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de

Sousa Real. A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Presidente da República, Primeiro-Ministro e

demais Membros do Governo, Ilustres Entidades, Altas Autoridades e Distintos Convidados, Sr.as e Srs. Deputados, Funcionários da Assembleia da República, Sr. Presidente da Assembleia da República: Permita-me, antes de mais, que me solidarize com toda e cada palavra das suas intervenções na sessão anterior. Partilhamos do mesmo embaraço perante o desrespeito que aqui foi demonstrado por alguns pelo nosso povo irmão, o povo brasileiro, aqui representado pelo seu Presidente.

Aplausos do PS, do PCP, do BE, do L e de Deputados do PSD. Quando assinalamos o 49.º aniversário da Revolução dos Cravos, temos a particularidade de coincidir com

o ano do centenário de Natália Correia, mulher de Abril e um nome incontornável da cultura portuguesa, que não posso deixar de evocar. Volvidos 49 anos de democracia, Portugal ainda é um país com «subalimentados do sonho», de que nos falava Natália Correia no seu poema escrito ainda sob o jugo da ditadura.

Num país onde o direito à infância continua a ser negado a crianças e jovens marcados pelo flagelo do abuso ou da violência doméstica e em que não podemos falar das mesmas oportunidades de vida, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país onde continuamos a ter números avassaladores de violência doméstica e de género, em que continuamos a ter de lutar pela erradicação das múltiplas formas de discriminação ou em que o ódio continua a falar mais alto do que a tolerância e o respeito, mesmo nesta Casa da democracia, e não se apresenta sequer uma solução alternativa, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país em que, com facilidade, o Estado dá salários e indemnizações milionárias para os cargos de topo, mas em que os recém-licenciados têm de passar todas as provas e provações para conseguir um mísero salário de 1000 €, quase sempre sem vínculo efetivo ou sem poderem sonhar ter casa própria, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país e num mundo em que a pandemia e a guerra empurraram ainda mais pessoas para a vulnerabilidade e para um custo de vida incomportável, em que as famílias continuam a não conseguir quebrar o ciclo da pobreza, a passar frio nas suas próprias casas, em que falhámos no objetivo de erradicar as barracas ou de garantir um parque habitacional público e condigno, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país em que os pensionistas e reformados recebem pensões de valores que os obriga a optar entre comer ou pagar a medicação, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país que vive obcecado com o défice, mesmo que tal seja à conta da asfixia das famílias, que não investe na saúde ou nos demais serviços públicos essenciais, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país que, mesmo numa crise de inflação, arranja sempre dinheiro público para financiar as touradas, nem que ao PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) tenha de recorrer se for preciso, mas em que não há