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26 DE ABRIL DE 2023

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dinheiro para apoiar socialmente as famílias que detêm animais de companhia ou para a proteção animal, continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Num país que gasta milhões de euros do erário público em borlas fiscais para quem mais polui e lucra e que, do outro lado da moeda, não investe na conservação da natureza e da biodiversidade, ainda que, no momento em que celebramos Abril, estejamos a 6 anos e 88 dias de atingir o ponto de não retorno, continuamos a continuamos a ter «subalimentados do sonho».

Sr.as e Srs. Deputados, Excelências, Distintas Entidades aqui presentes, no limiar dos 50 anos de Abril, o que falta para uma verdadeira revolução social e ambiental não é um revisionismo histórico de um modelo e de uma governança que todos nós conhecemos e que Abril derrubou — muito pelo contrário. Precisamos de um modelo de desenvolvimento que respeite o bem-estar e a felicidade de todas as pessoas e, a par disso, que promova a transição ambiental que o desafio climático exige.

O que falta para que deixemos de ter «subalimentados do sonho»? Estamos subalimentados das liberdades que Abril almejou. Não de sonho, porque as aspirações e a vontade de mudança de paradigma são claras e o rumo democrático que todos nós — ou pelo menos a maioria desta Casa parlamentar — pretendemos definir é também ele bem claro.

Sejamos, assim, impacientes na revolução e nas liberdades que estão por cumprir, porque, como afirmou Natália Correia, esse nome maior de Portugal, foi «a impaciência que nos libertou». Sejamos fazedores de sonhos através do poder que temos de mudar a lei e com ela a vida e o rumo das pessoas, dos animais e da natureza.

Se há razão por que celebramos esta madrugada aqui e por esse mundo fora, é esta ânsia, esta fome impaciente pelo sonho e pela força de mudança tornados realidade, tornados Abril. Viva o 25 de Abril! Viva Portugal!

Aplausos do PS, do BE, do L e de Deputados do PSD. O Sr. Presidente: — Para intervir em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a

Sr.ª Deputada Catarina Martins. A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente da República, Sr. Presidente da Assembleia da República,

Sr.as e Srs. Convidados, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: «Foi bonita a festa, pá», cantava Chico Buarque em 1975. «Foi bonita a festa», celebrou o Prémio Camões, finalmente entregue, agora que o Brasil se livrou do seu presidente carrasco e regressa à celebração da cultura, do mundo e dos direitos humanos.

«Foi bonita a festa», esta festa aberta pela coragem, inteligência e generosidade dos Capitães de Abril e por quem, com eles e antes deles, alimentou a luta antifascista, que foi também luta anticolonial. É por isso que hoje, 50 anos passados do seu assassinato, a celebração do 25 de Abril terá de ser também a homenagem a Amílcar Cabral.

Aplausos do BE, do PCP, do L e de Deputados do PS. Evocamos hoje a coragem revolucionária de todos e todas que, na noite mais longa e sem saber quando e

se seriam vitoriosos, arriscaram tudo para vencer a ditadura e venceram, a 25 de Abril de 1974! «Foi bonita a festa» e estendeu a esperança ao mundo e aonde era mais precisa: ao outro lado da

fronteira, em Espanha, ainda sob a ditadura franquista, ou ao outro lado do oceano, no Brasil, que sofreria a ditadura militar mais 11 anos.

«Foi bonita a festa» e a festa foi do povo. Foi a esperança, foi a determinação. A Revolução foi o que se seguiu ao golpe que derrubou o regime. Foram os dias do povo na rua a decidir da vida. Foi o fim da guerra, foi a ocupação das fábricas e dos campos, foi construir o que o fascismo negara. Foi o poder do povo contra o aparelho de Estado corrupto e brutal e contra o jogo viciado do poder económico predador e rentista.

Foram as mulheres a sair à rua de cabeça erguida e punho fechado. Foi a luta pelo salário, a construção das casas, a exigência de ter médico a quem recorrer, uma escola onde aprender. Foi uma torrente a querer a igualdade e a liberdade por inteiro. A Revolução não foi uma declaração, foi uma construção.