27 DE SETEMBRO DE 2023
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em impostos diretos. Feitas as contas finais, quanto é que um trabalhador leva verdadeiramente para casa e quanto é que um trabalhador paga ao Estado? Cerca de 70 %, 80 % do seu salário, do seu trabalho. Se isto não vos soa a escravatura, não sei em que mundo é que vivem!
Aplausos do CH. Mas a questão primordial é esta: para quê? Para quê? Para ter serviços públicos degradados? Para precisar
de recorrer a um seguro de saúde? Por isto, sem devaneios marxistas, aquilo que peço que explique, e de forma muito concreta, não a mim, mas
aos portugueses que nos ouvem lá em casa, como é que a criação de um 15.º mês livre de impostos pode lesar um trabalhador português e, acima de tudo, como é que a redução da tributação e dos impostos não se vai traduzir em mais dinheiro no bolso dos portugueses.
Aplausos do CH. O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Moura Soeiro. O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, a CIP encontrou nessas bancadas bons porta-vozes das
suas propostas. O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade! O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Perguntava a Sr.ª Deputada da IL se estou disponível, se estou disposto
a falar sobre estas propostas ou se não quero sequer falar sobre elas por virem de confederações patronais. Estou, estou disposto. Aliás, foi o que nós fizemos aqui, uma declaração política sobre estas propostas, porque elas são, de facto, um engodo e são tão más que merecem combate, e combate resoluto.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem! O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Quando a CIP diz que está a propor um aumento salarial maior do que
aquele que propõe a mais radical das centrais sindicais, isto é uma anedota, é uma graça, mas é, obviamente, uma piada sem qualquer justificação.
E, sim, rapinanço fiscal é o que a CIP está a propor, com benefícios fiscais de milhões, de dinheiro que é desviado do Orçamento do Estado e retirado da segurança social — e, portanto, é dinheiro dos trabalhadores — para os bolsos dos patrões, por via de isenções fiscais e por via de isenções na taxa social única.
Compreendo o entusiasmo da Sr.ª Deputada com o desvio de uma parte do que deveria ser o salário dos trabalhadores e do que deveria ser o dinheiro que vai para o sistema previdencial da segurança social. Desviar 10 % — 10 %! — é o que a CIP está a propor, 10 % para um plano individual de reforma obrigatório que vai para o mercado privado das pensões.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Se não houver pobres não haverá Bloco de Esquerda! O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Nós conhecemos, Sr.ª Deputada, a experiência internacional com esses
mercados privados das pensões. São pensões que evaporam exatamente na roleta russa do sistema financeiro, e, por isso, precisamos de proteger os trabalhadores. E, sim, basta ver as contas da segurança social este ano para perceber como as contribuições estão a aumentar e como nós temos mais receita do que despesa no sistema previdencial.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Mas, o que é que o Bloco quer?! O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Deputado do Partido Socialista, eu esperava, com certeza, outra
intervenção do Partido Socialista. O que é que eu esperava? Esperava que o Sr. Deputado e o Partido Socialista