30 DE SETEMBRO DE 2023
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O Sr. Miguel Matos (PS): — Em relação à pergunta do Sr. Deputado Alexandre Poço, para quem andou durante o período de Governo do PSD a liberalizar os despedimentos e a precariedade, teríamos muito do que
falar, mas vamos falar do dia de hoje, que é isso que estamos cá a fazer.
O Sr. Deputado apresenta uma proposta que se limita a duas coisas: em primeiro lugar, a pôr no mesmo
plano os trabalhos com contrato e os trabalhos a recibos verdes, ou seja, incentivar que os jovens trabalhem
com falsos recibos verdes, e por esse caminho nós não vamos; e, em segundo lugar, fazer uma isenção
contributiva que, na verdade, o que é que iria fazer? Iria deixar os jovens sem proteção na doença, sem proteção
na paternidade, sem proteção no desemprego.
Por isso, Sr. Deputado, lamento dizer-lhe que não conta connosco para aprovar uma proposta que põe os
jovens a pagarem mais de segurança social do que os restantes trabalhadores e do que os empregadores. Por
isso, a conclusão que tiramos é de que a JSD, verdadeiramente, se apresentou aqui como um dos melhores
amigos da precariedade, e, por isso, naturalmente, a nossa posição perante a vossa iniciativa será contra.
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Não falaste no NOS Alive!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — E o NOS Alive?!
O Sr. Filipe Melo (CH): — Então e o NOS Alive?!
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Soeiro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria cumprimentar os proponentes e saudar o agendamento deste debate.
Permitam-me que reaja já ao que disse o Sr. Deputado do Partido Socialista, porque o ponto três do projeto
de resolução do Partido Socialista fala no diferimento da isenção contributiva de 12 meses à segurança social,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — … ou seja, é aumentar o tempo através do qual as pessoas — neste caso os trabalhadores-estudantes que tenham rendimento do trabalho — não têm qualquer proteção de segurança
social, porque eles não estão a descontar, durante este período de isenção eles não estão a descontar, e,
portanto, não estão a constituir direitos contributivos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem! É verdade!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — No enquadramento deste debate o PSD e a IL lamentam que haja poucos trabalhadores-estudantes em Portugal.
Ora, haver muitos ou poucos não é bom ou mau em si mesmo, porque há uma grande diferença entre
estudantes que são obrigados a trabalhar — pelo preço das propinas, pelas dificuldades no alojamento, pelos
custos do ensino superior — e que, portanto, ficam sem tempo para se dedicar aos estudos plenamente e, nesse
caso, ser trabalhador-estudante não é uma opção, mas uma necessidade que resulta dos custos e da falta de
apoios, e trabalhadores que escolhem voltar à escola por curiosidade intelectual, porque querem melhorar as
suas qualificações, porque querem mudar de vida, e isso é um excelente motivo para haver trabalhadores-
estudantes. Neste caso, aliás, haveria que melhorar os vínculos, a estabilidade dos vínculos, os horários de
trabalho, as culturas de organização para facilitar que as pessoas pudessem estar na escola outra vez.
Relativamente aos projetos de lei que estão a ser discutidos, os do PAN e da IL, para equiparar trabalhadores
independentes e trabalhadores por conta de outrem no acesso às bolsas e da não-contabilização dos
rendimentos até 14 salários mínimos nacionais, estamos de acordo, faz sentido, pois o caminho deve ser a
igualização de direitos entre trabalhadores por conta de outrem e trabalhadores independentes, nomeadamente
neste aspeto e noutros. Nós, aliás, tivemos essa discussão no âmbito da alteração ao Código do Trabalho e no