I SÉRIE — NÚMERO 8
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Todos nós conhecemos um jovem que, durante os meses de verão, procura formas de aumentar o seu
rendimento durante o próximo ano e todos nós conhecemos um jovem que concilia o estudo com o trabalho por
opção, porque quer ter possibilidade de realizar os seus projetos sem pesar no orçamento familiar.
Saudamo-los, todos, pelo seu esforço de conciliação, a sua resiliência diária para não desistirem do seu
percurso formativo nem dos seus rendimentos. Trata-se de pessoas verdadeiramente extraordinárias, com uma
vontade de vencer, e de contrariar o predestinado, inigualável.
Cabe, portanto, a cada um de nós acarinhar e abraçar as suas lutas através de soluções que acrescentem
mais-valias e que salvaguardem os seus direitos.
Há uns meses, aprovávamos a Agenda do Trabalho Digno, que, entre outras medidas, veio precisamente
reforçar a proteção social dos jovens trabalhadores e dos jovens estudantes que trabalhem durante os períodos
de férias escolares, permitindo acumular remunerações anuais até 10 640 € com o abono de família, com a
bolsa de estudo e pensão de sobrevivência.
Todavia, os projetos de lei do PSD, da Iniciativa Liberal e do PAN que hoje são submetidos a votação
contradizem, precisamente, os objetivos da Agenda do Trabalho Digno.
E porquê? Vale a pena refletir. É preferível perpetuar a precariedade laboral — através, por exemplo, dos
chamados «falsos trabalhadores independentes» —, e assim prejudicar o regime contributivo destes jovens,
bem como fragilizar o acesso à sua proteção social, ou, antes, reforçar a proteção social destes jovens e garantir
que tenham acesso pleno aos seus direitos através de um contrato de trabalho?
Para o Partido Socialista, a resposta a esta reflexão é clara. E, respondendo ao Sr. Deputado José Moura
Soeiro, nós não queremos prolongar a isenção contributiva,…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — É o que está aqui!
A Sr.ª Bárbara Dias (PS): — … queremos adiar a isenção contributiva, e há uma clara diferença entre as duas.
Aplausos do PS.
Prolongar é diferente de adiar. E o projeto de resolução que hoje apresentamos vem acrescentar valor.
O Partido Socialista pretende estimular a conciliação entre estudar e trabalhar sem comprometer a igualdade
de oportunidades, a dignidade e o futuro do jovem trabalhador-estudante. Para nós, o trabalhador-estudante a
recibo não sai lesado, sai com contrato de trabalho e direitos assegurados.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Vamos passar ao encerramento. Para o efeito, tem a palavra o Sr. Deputado Alexandre Poço, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Alexandre Poço (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Para fechar este debate, devo dizer que foi um pouco surreal ouvir o Partido Socialista utilizar argumentos que o Sr. Deputado José Moura Soeiro
utilizou.
O racional é coerente, mas nós podemos discordar. Entendemos que sim, pode existir uma isenção
contributiva para os trabalhadores-estudantes até aos 27 anos e até 14 salários mínimos, com a compensação
da perda de receita da segurança social, para garantir que não há perda de direitos, a ser feita através do
Orçamento do Estado.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Exatamente!
O Sr. Alexandre Poço (PSD): — O Sr. Deputado José Moura Soeiro discorda, o Sr. Deputado Alfredo Maia também discorda, mas foram coerentes com o pensamento que ambas as forças políticas têm.
Surreal é ver o Partido Socialista a utilizar a mesma argumentação para atacar o proponente deste projeto
de lei, neste caso o PSD, e depois, no n.º 3 do seu projeto de resolução, dizer o seguinte: «Avalie a capacidade