I SÉRIE — NÚMERO 13
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O Sr. Rui Paulo Sousa (CH): — Sr. Presidente, infelizmente, não de todas as bancadas, Sr.as e
Srs. Deputados: Portugal é um país de pobres com impostos de ricos.
Basta olhar para a história para perceber aonde conduz o socialismo: impostos altos, salários baixos, serviços
públicos em rutura, pobreza e miséria. E a receita socialista tem sido levada à risca pelos nossos governantes,
refletindo-se de forma particular na perda real de salários e, consequentemente, na perda de poder de compra.
Em 2022, os portugueses perderam, em termos reais, cerca de 3 mil milhões de euros, devido ao impacto
da subida dos preços. Ou seja, em 2022, os trabalhadores tiveram um corte médio de 676 € e, a par disso, o
Estado encheu os cofres e aplicou aos contribuintes a maior carga fiscal de sempre, atingindo 87,1 milhões de
euros, o que correspondeu a 36,4 % do PIB (produto interno bruto).
Como se não bastasse, Portugal continua a fazer parte do grupo de 14 países da União Europeia onde as
retribuições mínimas estão abaixo dos 1000 € brutos mensais, situando-se atualmente nos 760 €. E, se
pensarmos que 20 % dos trabalhadores portugueses recebem 760 € mensais, ficamos com uma noção das
dificuldades por que tantas famílias passam.
Com o salário mínimo não se vive, sobrevive-se, e tenta-se esticar o dinheiro para pagar as despesas de
habitação, alimentação, educação e saúde, tudo a preços exorbitantes.
Sr.as e Srs. Deputados, hoje, em Portugal, ter um posto de trabalho já não é suficiente para evitar que um
cidadão entre nas listas e estatísticas da pobreza. Os cidadãos trabalhadores continuam a engrossar a taxa de
risco de pobreza em Portugal, que, antes das transferências sociais e segundo os dados da PORDATA (Base
de Dados de Portugal Contemporâneo), abrange 42,5 % da população, quase 4,5 milhões de portugueses.
Na verdade, os dados indicam que cerca de um terço das pessoas em situação de pobreza são
trabalhadores, a maioria com vínculos e salários considerados estáveis. Em síntese, em 2022, 56 % dos
trabalhadores recebiam um salário inferior a 1000 €, sendo que, em relação aos mais jovens, a percentagem
situava-se nos 65 %.
Perante estes baixos níveis salariais, cresce a tendência à emigração, tendo as profissões mais qualificadas
apetência para procurar um melhor nível de vida no estrangeiro.
Srs. Deputados, Portugal merece mais e melhor. A pobreza é um flagelo que deve mobilizar e unir toda a
sociedade civil e política na resolução deste drama social.
É preciso criar políticas de incentivo ao crescimento económico e ao aumento da produtividade, ao lado dos
trabalhadores e das entidades patronais, ocupando o Estado um lugar de cooperação e não de obstáculo. É por
isso mesmo que o Chega defende o aumento do salário mínimo e que o Estado ajude as empresas nesse
desígnio social, ao contrário das propostas da extrema-esquerda, que apenas iam gerar mais falências e
desemprego.
Não basta aumentar o salário mínimo, imputando esse ónus às empresas, ignorando as dificuldades que vão
ter na implementação desse mesmo aumento. Nesse sentido, é de enorme importância refletir sobre o valor que
somam as despesas das micro, pequenas e médias empresas com salários e outros encargos sociais, e sobre
de que forma um aumento do referido salário mínimo iria impactar a estrutura de custos fixos operacionais e a
gestão de risco destas empresas. Não podemos esquecer que os custos associados a salários se enquadram
na tipologia de custos fixos operacionais e podem afetar a capacidade de ajustamento das empresas a
mudanças repentinas e de peso, colocando, muitas vezes, em causa a sua sobrevivência. De forma alguma
pretendemos que uma solução para aumentar o salário mínimo contribua para o encerramento de empresas e
para o despedimento dos seus trabalhadores.
Vozes do CH: — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Sousa (CH): — Nesse sentido, é essencial aprovar um programa de apoio às empresas que
demonstrem um peso de custos fixos operacionais superior a 30 %, por forma a que estas consigam fazer face
ao aumento previsto da retribuição mínima mensal garantida.
Srs. Deputados, termino esta minha intervenção, deixando bem claro que aumentar o salário mínimo para
900 € é fundamental, pois aproxima-nos da média europeia, mas, principalmente, permite melhorar a vida de
mais de um milhão de portugueses.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Muito bem!