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14 DE OUTUBRO DE 2023

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O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome da Iniciativa Liberal, tem agora a palavra a

Sr.ª Deputada Carla Castro.

A Sr.ª Carla Castro (IL): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O salário mínimo nacional devia ser uma

referência e não uma política de rendimentos. Portugal está transformado num país de salários mínimos e isso

tem de ser combatido.

O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Isso é mentira!

O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — É mentira na tua conta!

A Sr.ª Carla Castro (IL): — Mas vamos começar pelo início. A primeira pergunta é: qual é o valor que a

concertação social tem quando há dias se fechou um valor, ainda por cima mais alto do que o estabelecido no

ano anterior?

O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Isso é mentira!

O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Na tua conta é que é mentira!

A Sr.ª Carla Castro (IL): — Esta negociação não é legítima, não deve prevalecer? É que hoje estamos aqui

a debater outros valores e não deveríamos transformar este debate e estas propostas em manifestações de

virtude. Se vamos para essa discussão, nós queremos mais, queremos muito mais; queremos muito mais não

só no salário mínimo como também no salário médio. O objetivo não é que cada vez mais pessoas ganhem o

salário mínimo, mas que cada vez mais todos possam ganhar mais.

Mas voltemos ao tema do aumento. Aumentar o salário mínimo nacional e os ordenados médios não funciona

simplesmente por decreto. Claro que aumentar faz muita diferença, sobretudo porque para quem pouco ganha,

qualquer diferença faz muita diferença. O problema é que, em termos de política pública, temos de ambicionar

mais e temos de ir aos fundamentos da economia.

Recordo que no acordo de rendimentos, já no ano anterior, havia diversos pressupostos que incluíam

crescimento e produtividade. Na produtividade, o crescimento médio, no prazo 2023-2026, era de 1,5 %, mas

não sei se já repararam, Sr.as e Srs. Deputados, nos indicadores da nossa economia: de crescimento — revistos

em baixa; de investimento — após o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), retomaremos valores abaixo

dos 2 %; de competitividade — continuamos a decrescer nos rankings de competitividade; da produtividade —

face aos tais almejados 1,5 %, relembro os valores anunciados, há poucos dias, pelo Conselho das Finanças

Públicas, de 1 % em 2023 e 1,3 % em 2024.

O nosso modelo está estagnado e é por isso que, então, retomo o ponto: aumentar os salários em Portugal

é bem mais do que decretar um aumento do salário mínimo nacional.

O Sr. Duarte Alves (PCP): — Pois é!

A Sr.ª Carla Castro (IL): — Enquanto a nossa política estiver centrada nisso e não em atrair capital, enquanto

não se fizer uma reforma laboral que não confunda precariedade com flexibilidade e enquanto o desígnio de

aumento de produtividade não for efetivamente central, nós não vamos ter uma economia a crescer

convenientemente, nem a gerar valor acrescentado para pagar os salários de que efetivamente todos

precisamos.

Estamos num país — e já vi que a questão dos números levantou alguma polémica e até insatisfação,

nomeadamente da bancada socialista, mas vamos aos dados, vamos aos números — onde, mais ponto, menos

ponto percentual, mais de 20 % dos trabalhadores ganha o salário mínimo nacional.

Estamos num país onde o salário mínimo nacional representa mais de 60 % do salário médio, uma

percentagem que tem vindo consistentemente a aumentar, todos os anos.