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14 DE OUTUBRO DE 2023

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E, finalmente, de modo a garantir a coerência do sistema, propõe-se a redução de três para um ano da

medida da pena que obsta à concessão da nacionalidade, também em linha com a lei que define as condições

e os procedimentos de entrada, permanência, saída e afastamento de cidadãos estrangeiros do território

português.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o dever de reparação histórica não pode, não deve nem pretende

apagar os acontecimentos que o suscitaram.

O Sr. Bruno Nunes (CH): — Mas qual reparação histórica?!

A Sr.ª Ministra da Justiça: — Sempre simbólico, destina-se, pelo contrário, a assinalar na linha do tempo

um reconhecimento. Esse reconhecimento foi cumprido por meio de uma generosa janela temporal. Agora, é o

dever de memória, que sempre convoca e alimenta os valores humanistas que nos orientam, que há de impor-

nos que nunca mais um mal reconhecido volte a ocorrer.

Aplausos do PS.

O Sr. Bruno Nunes (CH): — Nem eles aplaudem com gosto! Nem eles!

O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Deliberado pela ONU…!

O Sr. Bruno Nunes (CH): — Determinado!

O Sr. Presidente: — Para apresentar o Projeto de Lei n.º 909/XV/2.ª, do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada

Alma Rivera.

A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Voltamos hoje, à discussão sobre o

regime de aquisição da nacionalidade portuguesa aos descendentes de judeus sefarditas, expulsos de Portugal

em 1496, um regime de reparação histórica instituído em 2013, pela mão do Partido Socialista.

E neste debate que hoje aqui fazemos há dois aspetos a destacar. Primeiro, o facto de estar amplamente

demonstrado que este regime particularmente facilitado de aquisição da nacionalidade — que dispensa, recorde-

se, a residência no território nacional e o domínio da língua portuguesa — se revelou um recurso para a obtenção

abusiva da nacionalidade, por parte de dezenas de milhares de cidadãos, na sua esmagadora maioria sem

qualquer relação com Portugal, que, ao invocarem a sua descendência de judeus sefarditas de origem

portuguesa, obtinham a nacionalidade portuguesa a troco de dinheiro e por mera conveniência.

Foi denunciada a existência de agências de viagens em Telavive que ofereciam esse serviço. Há um

reconhecimento generalizado de que isto se tornou um negócio. Há suspeitas de facilitismo com que a

Comunidade Israelita do Porto certificava a descendência e, inclusivamente, foram constituídos arguidos,

entretanto. Ficou-se a saber que Roman Abramovich, um oligarca de nacionalidade russo-israelita, como outros,

obteve a nacionalidade portuguesa e, assim, acesso ao espaço europeu e condições favorecidas junto do resto

do mundo.

Protestos do Deputado do PS Pedro Delgado Alves.

Entretanto, membros do anterior Governo já admitiram que existiam abusos e que isto era, até, um fator de

desprestígio para Portugal. E, entretanto, também o regime análogo de Espanha terminou, em 2019, com

suspeitas de idênticos abusos.

E isto leva-nos ao segundo aspeto. Meses depois de um dos debates da Assembleia da República sobre

este tema, em junho de 2022, em que o PCP propôs a cessação de vigência deste regime — que foi rejeitada,

com os votos contra do PS, do PSD, do PAN e do Livre —, vem o Governo, em abril, apresentar uma proposta

de lei, em que reconhece a necessidade de acabar com isto; em que reconhece que nenhum regime de

reparação é eterno, que se tem assistido efetivamente a um aumento do número de pedidos que não

corresponde a nenhuma ligação efetiva ao País, tampouco pessoas que residam em Portugal; que existem