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14 DE OUTUBRO DE 2023

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Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Adão Silva): — Para apresentar a iniciativa do PCP, tem agora a palavra o Sr. Deputado

João Dias.

O Sr. João Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queremos saudar e

cumprimentar os 15 150 peticionantes que solicitam à Assembleia da República a defesa da especialidade em

medicina geral e familiar e dos cuidados de saúde primários.

Esta é uma petição que o PCP acompanha com um projeto de resolução solicitando ao Governo o reforço

dos cuidados de saúde primários e de proximidade às populações.

Entendemos a oportunidade desta petição, considerando aquele que foi o enquadramento dado pelo

Orçamento do Estado para 2022. Tal como o PCP sempre disse, e chamou a atenção para isso, o Orçamento

do Estado não correspondia às necessidades que se colocavam no Serviço Nacional de Saúde, garantindo,

nomeadamente, o acesso aos cuidados de saúde de que a população precisa.

Esta petição refere três ou quatro aspetos que são muito relevantes para nós. Primeiro, diz que a

especialidade em medicina geral e familiar pode alicerçar a manutenção de um Serviço Nacional de Saúde

próspero e cujas competências específicas são inquestionáveis.

A verdade é esta, Srs. Deputados: a medicina geral e familiar — enquanto elemento estruturante dos

cuidados de saúde primários, e os cuidados de saúde primários, enquanto elemento estruturante do Serviço

Nacional de Saúde — é valiosíssima para a garantia do acesso, mas, principalmente, porque a sua missão de

prevenção da doença e de promoção da saúde permite o alívio da sobrecarga dos cuidados hospitalares,

permitindo que a população não adoeça, permitindo evitar, assim, a necessidade de mais cirurgias, mais

tratamentos e mais meios complementares de diagnóstico. É por isso relevante que se invista, e muito, nos

cuidados de saúde primários e de proximidade.

Mas a petição faz ainda referência à lei do Orçamento do Estado de 2022 que, por proposta de alteração do

PS, veio introduzir a possibilidade de atribuir 1900 utentes sem médico de família a médicos não especialistas,

a médicos indiferenciados.

Ora, esta preocupação é também uma preocupação que o PCP tem, considerando a importância da

especialidade de medicina geral e familiar.

O Sr. Duarte Alves (PCP): — Exatamente!

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!

O Sr. João Dias (PCP): — Se queremos mais médicos de medicina geral e familiar ou de outras

especialidades — já o dissemos ao Governo e continuamos a referi-lo —, a forma mais rápida é fazer com que

os médicos sem especialidade possam aceder às vagas de medicina geral e familiar e às outras. É aqui que

está a dificuldade, é aqui que está o impedimento e é aqui que está o obstáculo.

Os cerca de 2500 médicos de medicina geral e familiar, médicos sem especialidade, podiam, muitos deles,

entrar, se não lhes fechassem as portas do acesso à especialidade.

Mais, a petição refere também que este número de 1900 é preocupante, porque, Srs. Deputados, não importa

só dar médico de família a todos os portugueses, importa também conhecer a dimensão dessa lista que é dada

a cada médico.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Claro!

O Sr. João Dias (PCP): — Se dermos 2500 utentes a cada médico, resolvemos o problema de falta de

médico a cada português, porém, aquilo que é dito, aquilo que é necessário e aquilo que é defendido, até

internacionalmente, é uma lista, para cada médico de medicina geral e familiar, de 1500 utentes. Note-se,

contudo, que aquilo que aqui é proposto, nesta alteração que o PS veio trazer, é uma lista de 1900.