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14 DE OUTUBRO DE 2023

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E por falar nisto, Srs. Deputados do Bloco de Esquerda e do PCP, qual é mesmo a diferença entre as

propostas que hoje nos apresentam e o que tem sido feito pelos vários Governos do Partido Socialista, que,

durante seis anos, os senhores apoiaram? Nenhuma.

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Bem lembrado!

A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — É apenas atirar mais dinheiro para cima do problema. E, quando, nos últimos

anos, o orçamento para a saúde é sempre o maior de sempre e mesmo assim temos o caos instalado no SNS,

devia ser óbvio que só dinheiro não é solução.

Termino com as palavras do Dr. Nuno Jacinto, Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e

Familiar: «Se não tivermos cuidados de saúde primários fortes, vamos ter todo o resto do sistema e do SNS a

falhar.»

Aplausos da IL.

O Sr. Presidente (Adão Silva): — Agora, pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a palavra a Sr.ª

Deputada Berta Nunes.

A Sr.ª Berta Nunes (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Saudamos os peticionários e apoiamos

os princípios constantes na petição.

A especialidade de medicina geral e familiar e os cuidados primários devem ser a base do Serviço Nacional

de Saúde, se queremos que o sistema funcione.

O médico ou a médica de família são responsáveis por uma lista de utentes que acompanham ao longo da

vida, permitindo esta forma de organização um conhecimento da pessoa no seu contexto familiar, comunitário

e ciclo de vida, o que cria oportunidades de promoção da saúde e prevenção da doença e permite diagnósticos

mais corretos e com menos necessidades de exames complementares, contribuindo para a sustentabilidade do

SNS.

O internato de medicina geral e familiar é de quatro anos e permite adquirir as competências necessárias

para a gestão de doenças crónicas, consultas de planeamento familiar e saúde sexual, seguimento de grávidas

e de recém-nascidos, diagnóstico biopsicossocial e avaliação do contexto familiar e do seu impacto na saúde e

doença, e não apenas tratar a doença aguda, o que também é importante, mas apenas uma pequena parte do

perfil do médico de família.

Assim, um médico não especialista não pode nem deve ficar responsável por uma lista de utentes. Mas,

atendendo à falta de recursos humanos, eles podem ser integrados nas equipas de cuidados primários, sob

orientação de especialistas em medicina geral e familiar, e prestar cuidados.

A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Já podem!

A Sr.ª Berta Nunes (PS): — Deve ser, no entanto, uma prioridade conseguir a cobertura total da população

portuguesa por médicos de família, pelo que apoiamos todas as medidas já tomadas pelo Governo nesse

sentido, nomeadamente: o aumento do número de vagas na entrada das faculdades de medicina; o alargamento,

até onde for possível, do número de vagas para internos de medicina geral e familiar; e maior flexibilidade na

contratação dos médicos após o internato, permitindo que os recém-especialistas fiquem no lugar da sua

preferência sempre que possível, mantendo a prática do último concurso de abrir todas as vagas disponíveis e

não só algumas.

Além destas, todas as medidas que tornem mais atrativas a especialidade e o trabalho das equipas de

cuidados primários são fundamentais, como aquela que o Governo já anunciou, de alargar às USF (unidades

de saúde familiar) de tipo A e mesmo às UCSP (unidades de cuidados de saúde personalizados)que cumpram

os critérios a passagem a USF de tipo B, atualizando o salário base e os incentivos, o que será fundamental

para atrair os médicos de família que estejam eventualmente fora do sistema e para reter os profissionais recém-

formados.